Corpos, Dores, Subjetivações: Notas De Pesquisa No Esporte, Na Luta, No Balé

Abstract

Investigamos o atletismo, o caratê e o balé, interessando-nos pelos dispositivos de subjetivação que se instituem por meio de técnicas, rotinas, rituais, representações e discursos que os sujeitos elaboram, atualizam, repetem, reconstituem, tomando como núcleo as relações com o corpo mediadas pelo treinamento. Para tal, realizamos incursões etnográficas em uma academia de dança, uma equipe de atletismo e um dojo de caratê. A análise do material empírico permite dizer que é a trama entre técnica, dor, sofrimento e projeto, um eixo central na conformação subjetiva de atletas, lutadores e bailarinas.

Sport Karate and the Pursuit of Wellness: A Participant Observation Study of a dojo in Scotland

“…If we take into account the increasingly intense pace of life that society adopts, the health problems that emerge are numerous, and stress is one of the leaders on the list (Tapley, 2007;Fuller and Lloyd, 2020). To deal with these problems, there appears to be a growing social consensus that the practice of physical activities, including martial arts, is an extremely pertinent option (Rios et al, 2018).…”

Prazer E Sofrimento No Esporte De Alto Rendimento Individual

“…De acordo com Gonçalves et al (2012), o treinamento esportivo pode ser comparado a um processo de enfrentamento do mal estar, do incômodo, na medida em que se constitui como atribuição de uma carga sistemática de trabalho (estresse) que seja capaz de provocar as mudanças corporais necessárias ao desempenho. Em pesquisa com atletas e bailarinas, os autores verificaram que os mesmos sofrem, mas acreditam que cada cicatriz e hematoma, após a superação, os tornam superiores e fortalecidos.…”

“…Em pesquisa com atletas e bailarinas, os autores verificaram que os mesmos sofrem, mas acreditam que cada cicatriz e hematoma, após a superação, os tornam superiores e fortalecidos. Gonçalves et al (2012) entendem que há um movimento paradoxal nesse processo, uma vez que a entrega do corpo aos dispositivos do treinamento com a respectiva produção de sofrimento é emoldurada também por um projeto, ou seja, por um desejo de constituição de rendimento, de uma performance. Com isso o corpo não deixa de ser um meio para efetivar a técnica.…”

“…(P10) Eu acho que meu técnico quis que eu fizesse coisas além do que eu era capaz de fazer, então eu acho que essa lesão veio por isso, não por muito treino, mais sim acho que por falta de preparação e falta de preparação psicológica pra fazer. (P4) Moura et al (2013) Apesar dessas vivências de sofrimento, os atletas se recuperam e voltam às práticas esportivas, conforme apresentado por Gonçalves et al (2012).…”

Medicina do Exercício e do Esporte: evidências científicas para uma abordagem multiprofissional - Volume 2

“…Alguns atletas tiveram sofrimento por problemas profissionais, outros pessoais e ainda uma combinação de problemas pessoais e profissionais. Maslach eJackson (1981) especificaram que o Burnout parece associado ao sofrimento emocional, inclusive exaustão física, insônia, uso crescente de álcool e drogas e problemas conjugais e familiares Gonçalves et al (2012). destacam que não podemos esquecer que esse processo de cuidar e o maltratar são duas faces da mesma moeda, o treinamento não é desprovido de dor, de sofrimento e de abdicações.…”