Da doença estigmatizante à ressignificação de viver em situação de rua

Abstract

Este estudo qualitativo utilizou o método da história oral – modalidade temática – com o objetivo de compreender as relações existentes no processo de ressignificação da vida na rua a partir do diagnóstico de uma doença socialmente estigmatizante. Foi desenvolvido em um Centro de Acolhida, com cinco pessoas vivendo em situação de rua, portadoras de doenças socialmente estigmatizantes. Da análise emergiram duas categorias: A doença estigmatizante; Ressignificando a vida. Depreendemos que ser portador de doenças carregadas de estigma, preconceito e medo contribui com a fragilização dos vínculos sociais, amplia as vulnerabilidades individuais e as chances de ingresso e/ou perpetuação da vida em situação de rua. O autoconhecimento em relação à doença e a reflexão sobre a própria finitude contribuem para a ressignificação da vida. Os simbolismos que envolvem cada uma das doenças discutidas são pouco sensíveis às intervenções das políticas públicas para este fim.

Política de redução de danos e o cuidado à pessoa em situação de rua

“…Diante disso, faz-se necessário efetivar as políticas públicas de acesso à saúde para a população, em especial a PSR. Assim, é preciso valorizar as particularidades e subjetividade de cada indivíduo e compreendê-los enquanto cidadãos, que possuem os mesmos direitos de cidadania; promover questionamentos acerca dos problemas mais prevalentes, mostrando as dificuldades nas inter-relações, entre os processos de cuidado e modos de vida na rua; ter competência técnica e humana além de se ter sensibilidade por parte dos profissionais que atuam junto a esse público (12) . (13) .…”

Ser mulher e estar na rua: o sofrimento psíquico de mulheres em situação de rua

“…O sofrimento psíquico estava mais relacionado às doenças, do que ao próprio sofrimento biológico causado pela enfermidade. Ele foi tão intenso que, para alguns a vida chegou a perder o sentido a ponto de idealizarem o suicídio (Antunes, Rosa, & Brêtas, 2016).…”

A assistência de saúde às pessoas vivendo com HIV/AIDS acompanhadas pelo Centro de Testagem e Aconselhamento

“…11 Entrevista concedida pela pessoa B. isolamento e no receio de viver em sociedade. Tanto a pessoa estigmatizada como quem estigmatiza tendem a desenvolver mecanismos protetores que se manifestam por condutas de afastamento (Antunes, Rosa & Brêtas, 2016).O preconceito vivido e o receio de re-enfrentá-lo é um fator preditivo negativo na QV e Saúde dos soropositivos (Fernandes et al, 2017).…”

“…Uma complexa representação social do HIV/AIDS influencia desfavoravelmente o cotidiano das pessoas acometidas, no processo de inserção grupal, socialização, estigmatização, adesão à terapêutica e à condição de viver com o vírus/doença. Essa representação, longe de ser apenas uma reconstrução imaginária acerca de algo, apresenta-se como modulador da realidade vivida e operador das situações enfrentadas e expectativas (Antunes, Rosa & Brêtas, 2016).…”