RESUMO Com este artigo pretende-se contribuir para uma compreensão do funcionamento dos glossários. Considera-se, para este fim, aqueles produzidos para livros de literatura e tem-se como aporte teórico a História das Ideias Linguísticas na articulação com a Análise de Discurso. O artigo porta uma reflexão sobre glossários para livros de literatura centrando-se naqueles produzidos pela posição escritor e trazendo algumas das suas marcas. Propõe-se tais glossários como metatexto que afeta a escrita do autor, por um lado, e como um dizer a mais sobre a língua cujo texto não esgota. Em seguida, são evidenciadas diferenças entre a produção de um glossário feito pela posição escritor e aquele elaborado pela posição editor, mostrando marcas distintas no funcionamento dos dois tipos de glossários. Para a reflexão sobre o segundo tipo, quatro livros de um escritor angolano em língua portuguesa são analisados. Algumas das conclusões a que se chega são: embora se funde na ilusão de desopacização do texto, glossários comportam uma posição sobre a língua que revela tensões na língua. Ademais, é possível compreendê-los também como instrumentos de gramatização da língua portuguesa em países africanos bem como instrumento de gramatização de línguas africanas em território africano.