“…Várias organizações políticas que lutaram contra o golpe militar, como o movimento estudantil e certos grupos de esquerda, haviam sido perseguidas e proibidas de se manifestar, ao passo que muitas lideranças saíram do país e passaram a viver no exílio até meados dos anos 1980 (Landim, 2002). Já na esfera internacional, em decorrência das mobilizações desenvolvidas nos anos 1960 na Europa e nos Estados Unidos, voltadas para a promoção de um "espaço internacional" de expressão e de reivindicação (Ollitrault, 1999), encontra-se um cenário no qual a problemática ambiental emerge como um "discurso sem opositores", como uma dessas "causas generosas que suscitam a priori a simpatia e que nenhum ator tem o interesse em colocar em causa" (Juhem, 2001:10), destacando-se como um dos marcos principais do período a realização, em 1972, da Conferência de Estocolmo, na Suí-ça. Nesse sentido, o fato de o discurso ambientalista, na situação em pauta, não se apresentar como uma contestação política ao "regime autoritário" vigente no Brasil constitui, certamente, um dos aspectos que contribuiu para o sucesso inicial das mobilizações levadas adiante pelos "fundadores" das primeiras organizações ambientalistas.…”