Este trabalho propõe o estudo da rotulação, a partir da retomada e antecipação, na interação argumentativa, à luz do modelo dialogal da argumentação. O objetivo é verificar se a rotulação, ao realizar os movimentos de retomada e antecipação, pode se constituir como um recurso não apenas linguístico, como também argumentativo. A ancoragem teórica parte de dois campos de estudos: a Linguística Textual e a Argumentação. A primeira com foco no processo de rotulação (FRANCIS, [1994] 2003; CONTE, [1996] 2003; CARVALHO, 2005; KOCH, 2006; 2011; ALVES JUNIOR, 2011) e a segunda a partir dos estudos do modelo dialogal da argumentação (PLANTIN, 2008; 2018; GRÁCIO, 2010; 2012; 2013; DAMASCENO-MORAIS, 2017; 2020; 2021). Além dessas duas perspectivas teóricas principais, foram mobilizados alguns pressupostos da Análise Conversacional (SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 1974; KERBRATORECCHIONI, 2006; MARCUSCHI, [1986] 2003; KERBRAT-ORECCHIONI; PLANTIN, 1995; FÁVERO et al., 2010) assimilados e adaptados pela perspectiva dialogal da argumentação. O breve corpus selecionado para é constituído por um recorte da entrevista com Ricardo Salles realizada pelo programa televisivo Roda Viva, em 2019. A descrição e análise da entrevista, a partir de uma abordagem qualitativa, lança mão de preceitos do modelo dialogal para proporcionar um recorte original de análise, como proposto pela presente chamada à publicação. A partir da empreitada analítica ora apresentada, observou-se ostensiva relação entre a retomada e a antecipação com o surgimento da estase argumentativa na interação entre entrevistado e entrevistadores do programa Roda Viva.