O artigo promove uma discussão sobre o desafio de se elaborar um currículo crítico em meio ao contexto neoconservador brasileiro. Para isso, toma-se como objeto de análise a versão final da Base Nacional Comum Curricular (2017) e compara antes e depois das supressões das palavras gênero e orientação sexual a fim de problematizá-la no âmbito educacional. A metodologia utilizada para a análise combina textos de inspiração marxista e estudos críticos do currículo para projetar o impacto da elaboração curricular na formação dos indivíduos, além das conexões entre poder e saber no currículo permeados pela teoria crítica-social do feminismo de Nancy Fraser. Conclui-se que a retirada das menções de gênero e orientação sexual contribui para o desamparo e dificuldade das instituições em promover uma conscientização coletiva e transformação social legitimada por meio dos documentos oficiais.