<div class="WordSection1"><p>Surgido a partir de conferências internacionais no início deste século, os BRICS ganharam importância política e econômica após a crise mundial de 2008, quando passaram a ser vistos como um polo alternativo a hegemonia dos EUA e da Europa. Neste artigo, todavia se questiona o suposto papel contra hegemônico dos BRICS. Em termos políticos, sua agenda não vem sendo de confrontação, mas sim a de reivindicar “um lugar à mesa” junto às potências ocidentais. Enfim, buscam um lugar apropriado à sua dimensão econômica nas instâncias de concerto global. De todo modo, iniciativas como a de criação do Novo Banco de Desenvolvimento e uma política de cooperação internacional diferenciada representam pontos de disputa entre os BRICS e os polos de poder tradicionais. Mas isso está longe de significar uma real alternativa para uma ordem mundial mais justa. Além disso, entre os países membros existem não só convergências. As próprias relações entre os BRICS e deles com outros países do Sul global se inserem num quadro mais amplo de acumulação capitalista e respondem a uma lógica de disputa por recursos naturais, acesso a mercados e mão-de-obra barata. Por isso mesmo, um desafio central continua sendo a articulação de lutas sociais desde baixo: camponeses e trabalhadores/as que enfrentam e resistem em seus territórios a grandes projetos conduzidos por corporações dos países BRICS e suas instituições financeiras.</p></div>