Desigualdade e pandemia nas vidas das brasileirinhas e dos brasileirinhos

Abstract

Este artigo destaca a participação das crianças pequenas e a relação de reciprocidade da infância com a sociedade de classes. Tem como ponto de partida pesquisa de doutorado e fundamentado na Sociologia da Infância, explora os impactos da Pandemia de Covid-19 na vida e educação das crianças pequenas. Trata das infâncias no plural por entender que, para além da diversidade presente em nosso país, há também diferentes focos de análise sobre este grupo social. Conclui que apesar de, do ponto de vista médico e da saúde, as crianças serem menos suscetíveis aos danos causados pelo vírus, a infância como categoria social é das mais afetados pela crise do capital que, embora já estivesse em andamento, teve na crise sanitária uma consequência agravante em razão do isolamento social que potencializou a queda da renda familiar, o desemprego e a precarização do trabalho. Essa situação aprofundou as desigualdades sociais e colocou as brasileirinhas e brasileirinhos em perigo.

Playful cultures and literacy: Considerations on teaching and learning in the context of the COVID-19 pandemic

“…In this way, it is possible to point out that inequalities are even more evident in the pandemic period, a fact that puts at risk the conquest for protagonism and emancipatory education of children in a state of vulnerability (MACEDO, 2020). Although the virus is the same for everyone, the impacts of the pandemic varied according to the economic conditions of each social group, making basic rights such as sanitation, housing, work, health and education privileges, that is, the arrival of the pandemic further intensified the already existing inequalities.…”

Crise do cuidado: repercussões da Pandemia na situação social das famílias e nas experiências de bebês e crianças na Bahia - Brasil

“…São pesquisas que apontam que as crianças e bebês atendidas em creches e instituições públicas são majoritariamente pobres e pretas (GOMES, 2019), sobretudo na região Nordeste (ROSEMBERG, 1996). Macedo (2020), ao discutir sobre o aprofundamento das desigualdades sociais neste contexto pandêmico, destaca que as crianças estão com suas vidas ameaçadas pelo vírus, pela exposição à violência, bem como pela condição de vida de suas famílias, pois os efeitos do desemprego e precarização do trabalho têm se agravado. Esse é também o panorama das famílias participantes da pesquisa nos territórios Sertão Produtivo e Velho Chico na Bahia, pois 38,5% perderam seus empregos ainda em 2020 e 43% precisaram continuar saindo de casa para trabalhar.…”

Narrativas escritas sobre a docência com crianças na pandemia

“…Para MárciaGobbi (2010) é preciso oportunizar espaços para as crianças falarem e sentirem, pois é importante despertar olhares plurais para aquilo que elas constroem e para o que recebem como manifestações da cultura brasileira.Nas palavras de Paulo Fochi (2020), é preciso que haja um currículo sustentado nas relações, nas interações e em práticas educativas intencionalmente voltadas para as experiências concentradas na vida cotidiana, para a aprendizagem da cultura, pelo convívio no espaço da vida coletiva e para a produção de narrativas através de diferentes linguagens. Nesse debate, Maria Tereza Tavares, Fabiana Pessanha e NayaraMacedo (2021) ressaltam a necessidade de reconhecermos as especificidades e singularidades do fazer pedagógico, frente às relações que construímos e desejamos na Educação Infantil, cuja riqueza se estrutura no olhar atento aos bebês e às crianças, em sua diversidade. Considerando a Base Nacional Comum Curricular (2017), verifica-se que devem ser assegurados os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e reconhecer-se.…”