Desistindo da denúncia ao agressor: relato de mulheres vítimas de violência doméstica

Abstract

Portuguese / English: www.scielo.br/reeusp RESUMO O objetivo do estudo é descrever a experiência de mulheres, vítimas da violência doméstica, que desistiram do processo contra seu agressor. As entrevistas foram orientadas pela questão: Como foi sua experiência de desistir da denúncia contra seu agressor? Das convergências dos depoimentos emergiram três temas: o tempo vivido da agressão até a denúncia e desistên-cia; o companheiro, a família, a delegacia da mulher; refletindo sobre a experiência vivida, que descrevem o fenômeno estudado. As participantes expressam sentimentos ambíguos em relação ao agressor: afetividade, raiva, humilhação e medo. Reconhecem que são dominadas e humilhadas. Porém, noções de justiça e igualdade entre os cônjuges não aparecem nos depoimentos. A desistência do processo pode ser compreendida na concepção da reprodução da estrutura familiar, condicionada a fatores econômicos e sociais. Os resultados remetem à reflexão sobre o papel da Delegacia da Mulher e das instituições de saúde na assistência à mulher vítima da violência doméstica. DESCRITORES RESUMENEl objetivo fue describir la experiencia de mujeres, víctimas de violencia doméstica, quienes desistieron de denunciar a su agresor. Las entrevistas guiadas por la pregunta: ¿Cuente su experiencia al arrepentirse de denunciar a su agresor? "De las convergencias en los testimonios surgieron tres temas que describen este fenómeno: tiempo que pasó desde la agresión hasta la denuncia y arrepentimiento; el compañero, la familia, la comisaria de la mujer; reflexionando sobre la experiencia vivida. Las participantes expresan sentimientos ambiguos sobre el agresor: afectividad, rabia, humillación y miedo. Reconocen ser dominadas y humilladas. Nociones de justicia e igualdad entre los conyugues no son mostrados. El desistir puede ser comprendido según la concepción de reproducción de la estructura familiar, condicionado a factores económicos y sociales. Los resultados permiten reflexionar sobre el rol de la Comisaria de la Mujer y de las instituciones de salud para la atención a mujeres víctimas de violencia doméstica. DESCRIPTORESViolencia contra la mujer. Violencia doméstica. Relaciones familiares. Salud de la mujer.

Cotidiano e implicações da violência contra as mulheres: revisão narrativa da produção científica de enfermagem. Brasil, 1994-2008

“…Revela-se que, na tentativa da mulher em alcançar sua autonomia, surgem sentimentos como: o de culpa por privar a família de um lar estável e a responsabilidade de manutenção desse lar, livre de brigas e desentendimentos. Tais circunstâncias geram decepção e baixa auto-estima, contribuído para a desconstrução do modelo idealizado de casamento e de relação conjugal (1)(2) . Tais dimensões encontram legitimidade nos alicerces das representações construídas socialmente e nas relações sociais travadas por homens e mulheres, trazendo implicações na vida e na saúde das mulheres não só no âmbito individual, como também no coletivo (2,(10)(11) .…”

“…As ações de violência são cometidas, na maioria das vezes, pelos próprios parceiros íntimos das mulheres. Os resultados dessas ações repercutem em perdas significativas na saúde e qualidade de vida dos envolvidos (2)(3) . Não se trata de fenômeno recente, exclusivo do mundo contemporâneo, mas sim constitutivo da história da humanidade.…”

“…Não se trata de fenômeno recente, exclusivo do mundo contemporâneo, mas sim constitutivo da história da humanidade. A partir da década de 1990, tal situação foi somente reconhecida e denunciada por organizações e convenções internacionais como agravo à saúde pública e uma violação aos direitos humanos do segmento feminino (2,4) . Compreender esse fenômeno do ponto de vista da saúde pública oferece caminhos para captar as muitas dimensões que a violência assume, no sentido de reconhecer seus aspectos sociais, epidemiológicos, psicológicos, jurídicos, e a necessidade de desenvolver respostas multisetoriais.…”

“…Compreender esse fenômeno do ponto de vista da saúde pública oferece caminhos para captar as muitas dimensões que a violência assume, no sentido de reconhecer seus aspectos sociais, epidemiológicos, psicológicos, jurídicos, e a necessidade de desenvolver respostas multisetoriais. No entanto, essa complexidade, é apontada por sua invisibilidade social, uma vez que não há um campo de intervenção e saberes que possa ser reconhecido como objeto específico de seu domínio (2) . Os serviços de saúde configuram-se como lócus para identificação da violência e ____________________ 1 Recorte de projeto de mestrado intitulado "O vivido da mulher que denuncia a violência: perspectivas para Enfermagem a partir da fenomenologia social" vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/RS.…”

Assistance Needs of Women who Report Incidents of Personal Violence to the Police

“…Até então possuía um caráter privado, sendo exercida e resolvida entre a mulher e o companheiro, e naturalizada pela sociedade. Ao ganhar visibilidade e comprovar seus impactos sociais, econômicos e de saúde, passaram a ser exigidas, nas agendas governamentais, ações de combate e prevenção da violência em âmbito mundial (2).…”