RESUMOOBJETIVO. O estudo teve o objetivo de avaliar as mudanças nas pressões do reto e ânus de primigestas ao simular defecação. MÉTODOS. Selecionamos 60 mulheres no Ambulatório de Pré-natal e no de Cirurgia da Santa Casa de São Paulo. Estas formaram quatro grupos de 15: a) grupo-controle: nuligestas; b) primigestas no 1º trimestre; c) primigestas no 2º trimestre; d) primigestas no 3º trimestre. Em todas realizamos manometria retal e anal e as seguintes medidas: a) pressão retal em repouso; b) pressão retal ao esforço de defecação; c) pressão anal à defecação. RESULTADOS. Observamos que as pressões retais ao esforço de defecar aumentam em grávidas em menor proporção que nas nuligestas; estas pressões caíram de 53,9 ± 17,9 em nuligestas para 36,3± 19,6, 38,1 ± 16,2 e 30,5 ± 17,0 nos três trimestres. As pressões anais de defecação foram maiores nas nuligestas (46,9± 17,6) que nas gestantes, respectivamente 37,5 ± 15,5, 32,1 ± 6,2 e 32,9 ± 8,7. Houve maior queda das pressões anais na gestação mais avançada, que compensa a dificuldade para elevar a pressão intra-retal de esforço. CONCLUSÃO. A gravidez altera as pressões retais e anais ao simular defecação, diminuindo-as, mas de forma a compensaremse mutuamente.UNITERMOS: Gravidez. Constipação. Motilina. Ânus. Reto. Caem os níveis de motilina na gravidez e após o parto, talvez por ação da progesterona, explicando em parte a diminuição da motilidade 4 . Aumenta a flatulência por diminuição do trânsito no cólon e compressão pelo útero. Podese supor que o reto e o canal anal também sofram efeitos, inclusive alterando as pressões retais e anais. A literatura é farta a respeito das alterações manométricas anais após o parto, em particular após período expulsivo prolongado ou traumático, em vista das lesões esfincterianas anais e o risco de incontinência fecal. Na gestação normal, porém, há evidente falta de estudos adequados e modernos para melhor compreensão dos fenômenos, pois as mudanças são menos evidentes e é necessário utilizar equipamentos de avaliação adequados para quantificá-las. Esta lacuna pode ser preenchida com os estudos manométricos e eletromiográficos do ânus.
PRESSÕES RETAIS E ANAIS EM PRIMIGESTAS AO DEFECARCom a evolução da gravidez e crescimento uterino, surgem alterações anatômicas. O útero, inicialmente na escavação pélvica, cresce em sentido superior e anterior, deslocando as vísceras para cima e lados. Com este deslocamento, fica o reto em posição posterior, isolado na pelve e comprimido posteriormente. O útero cresce na cavidade abdominal, ressalta na parede anterior, a musculatura estira-se e a pressão abdominal aumenta até acomodar o volume crescente.A despeito dessas mudanças, pode haver dificuldade à defecação se houver queda na pressão retal. Defecação só é fisiologicame nte possível se, no momento da exoneração, aumentar a pressão retal a nível mais alto que a anal. Contudo, pela anteposição uterina não se transmite, pela contração do diafragma e musculatura abdominal, nível de pressão intra-retal suficiente; isto gera dificuldade para evacu...