“…Se na segunda metade do século XX era comum atribuir aos intérpretes do Brasil dos anos 1920 a 1940 o status de clássicos do pensamento brasileiro , mais recentemente, muitos intelectuais anteriores e posteriores a esse período passaram também a ser assim analisados (BRANDÃO, 2005). Isso se deveu a, pelo menos, dois fatores: 1) a expansão do campo de pesquisas do pensamento político-social brasileiro (BOTELHO & LAHUERTA, 2005;BOTELHO & SCHWARCZ, 2011;CEPÊDA, 2008) e, conseguintemente, 2) a descoberta do valor explicativo de obras e autores antes esquecidos ou desconsiderados . Assim, a aceitação de novos critérios de validade e de classificação de obras e autores (SANTOS, 2002;SIMÕES, 2015), bem como a percepção de que a narrativa científica do campo das ciências sociais pressupõe necessariamente a diversidade (BOTELHO, 2010), têm permitido, por exemplo, que a cisão marcante entre as gerações de "autodidatas" e "especialistas" (MICELLI, 2001) promovida a partir dos anos 1950 seja problematizada e revista.…”