O presente trabalho retrata os resultados de uma pesquisa realizada nos moldes da observação participante e da etnobiografia com o objetivo de compreender a dinâmica existente entre o ensino e aprendizagem e os valores civilizatórios inerentes às práticas cotidianas de uma comunidade tradicional afro-brasileira. O estudo foi realizado por meio da observação e participação de atividades litúrgicas de um terreiro de Umbanda e Candomblé – o “Ilè Asè Tobi Babá Olòrigbìn” - localizado na cidade de Ituiutaba, MG. O ensinar como uma responsabilidade partilhada, a reafirmação de princípios éticos/civilizatórios (como a circularidade, a ancestralidade, a corporalidade, a conduta), a centralidade da oralidade e as relações entre a vida comunitária e uma singularidade que se funda no coletivo foram aspectos percebidos como características de uma dimensão formativa que orienta os aprendizados no interior desse grupo. Considerando que o modelo praticado por essas comunidades seja um modelo de sucesso (que tem resistido ao tempo e a um histórico de opressão), destacamos o grande desafio de aprender com os ensinamentos dos territórios afro-brasileiros e encontrar maneiras de incorporá-los às nossas práticas educativas, para que assim, vislumbremos uma escola mais diversa e humanizada.