Dinâmica erosiva e progradacional das praias de Atafona e Grussaí (RJ), 1954-2019

Abstract

Os litorais são regiões dinâmicas onde agentes atmosféricos, continentais e marinhos interagem e nem sempre atuam em equilíbrio. Como resultado, processos de recuo, avanço e de estabilidade atuam na costa modificando sua morfologia ao longo do tempo. Neste contexto, o trabalho busca realizar o mapeamento e análise multitemporal dos processos de erosão e progradação observados nas praias de Atafona e Grussaí (São João da Barra – RJ, Brasil). A metodologia baseou-se na reunião de séries temporais de imagens dos últimos 65 anos e no uso do software ArcGIS 10.05. As linhas de costa foram vetorizadas e comparadas entre si permitindo extrair valores de área de ocorrência, taxa média de variação linear e velocidade média dos processos. Dados de ventos foram adquiridos junto a DHN a fim de auxiliar nas interpretações. Resultados mostraram dois setores com comportamento dinâmico distintos, um em Atafona, com tendência erosiva, e outro próximo à Grussaí com acreção sedimentar. A intensidade dos fenômenos classifica Atafona como praia sujeita a erosão extrema. Entre 1954-2019 a área erodida foi de 1.031.238,59 m² e a de progradação 687.147,77 m². A taxa média linear de erosão foi de 164 m (com máximo de 289 m), já a de progradação ficou em 166 m (máximo de 226 m). Cálculos de velocidade média dos processos indicam uma erosão de 2,54 m.ano-1 e progradação de 2,56 m.ano-1. A ocorrência simultânea de erosão ao norte e progradação mais ao sul reafirma a importância da deriva litorânea na evolução do litoral, transportando sedimentos de um setor para o outro. Análises de menores intervalos temporais mostraram que os processos não ocorrem de forma contínua e nem com a mesma intensidade ao longo do tempo. O padrão em dois setores com comportamento distintos é ocasionalmente alterado pelo predomínio de uma única dinâmica ao longo de toda a costa. A ocorrência de erosão estaria associada a um aumento da intensidade dos ventos do quadrante N-NE, com aumento da capacidade de transporte longitudinal na direção N-S. Já o predomínio da progradação estaria relacionado a intensificação de ventos de S-SE e inversão da deriva para a direção S-N. O detalhamento desta dinâmica permitiu a melhor compreensão dos processos atualmente em curso fornecendo informações importantes para o planejamento e gestão do litoral.

Comments on Souza et al. (2022) “Recent geomorphological changes in the Paraiba do Sul delta, South America East Coast”

“…Rocha et al (2018) investigating 10 years of shoreline behavior, using beach profiles, showed that the erosive trend prevails only in Atafona Beach, and in Grussaí, the shoreline trend to sedimentation. With more detailed cartographical approach, Vasconcelos et al (2021), using historical aerophotogrammetry between 1954 and 2019, showed that between Atafona and Grussaí, the shoreline presents different behaviors, with erosion in Atafona and sedimentation in Grussaí, with no losses in area. Souza et al (2022) do not mention that the shoreline presents a continuous prograding trend in the northern sector of PSRD, in Gargau Beach, since 1926.…”

“…The conclusions about paleogeography presented by Souza et al (2022) substantially disagree with the previously published literature in the last 30 years, particularly since the works of Dominguez et al (1983), Martin et al (1985), Suguio et al (1985), Dominguez et al (1992); Martin et al (1993), Dias and Kjerfve (2009), Dominguez (2009), Rocha et al (2019), Figueiredo et al (2021), Fernandez et al (2022 and Rocha et al (2022), andDominguez (2023), which mainly based on OSL and radiocarbon dating, indicate that construction of the deltaic plain began in the Mid to Late Holocene, correlated with sea-level behavior. From the perspective of short-term evolution, there are a large number of papers that use satellite images, historical aerial photographs, and detailed topographical surveys to indicate that the deltaic plain has been increasing in area during the last decades (Vasconcelos et al, 2016(Vasconcelos et al, , 2021Rocha et al, 2018;Besset et al, 2019;Costa et al, 2020), although locally, only in Atafona Beach, the shoreline retreat (Vasconcelos et al, 2016(Vasconcelos et al, , 2021Rocha et al, 2018).…”

Organismos

“…Esses terrenos inundáveis estão pontilhados por diversas lagunas e banhados e apresentam uma complexa associação de solos com altos teores de sais e enxofre em sua matriz, abrangendo Organossolos, Planossolos Nátricos, Gleissolos Tiomórficos e Gleissolos Sálicos.No entorno da desembocadura do Rio Paraíba do Sul desenvolve-se um sistema de feixes truncados de cordões arenosos em linha de costa progradante, demonstrando uma notável variação morfodinâmica com períodos de progradação, alternados com períodos de retrogradação do delta do Rio Paraíba do Sul nos últimos 5.000 anos. O processo de erosão costeira experimentado pela vila de Atafona, agravado pela intervenção humana na bacia do Rio Paraíba do Sul, ressalta a fragilidade morfodinâmica dessa área(VASCONCELOS et al, 2021).Figura 20. Mosaico de ambientes deposicionais fluviodeltaicos, marinhos e lagunares do vasto brejo do delta do Rio Paraíba do Sul.…”

Processos Pedogenéticos Múltiplos

“…Esses terrenos inundáveis estão pontilhados por diversas lagunas e banhados e apresentam uma complexa associação de solos com altos teores de sais e enxofre em sua matriz, abrangendo Organossolos, Planossolos Nátricos, Gleissolos Tiomórficos e Gleissolos Sálicos.No entorno da desembocadura do Rio Paraíba do Sul desenvolve-se um sistema de feixes truncados de cordões arenosos em linha de costa progradante, demonstrando uma notável variação morfodinâmica com períodos de progradação, alternados com períodos de retrogradação do delta do Rio Paraíba do Sul nos últimos 5.000 anos. O processo de erosão costeira experimentado pela vila de Atafona, agravado pela intervenção humana na bacia do Rio Paraíba do Sul, ressalta a fragilidade morfodinâmica dessa área(VASCONCELOS et al, 2021).Figura 20. Mosaico de ambientes deposicionais fluviodeltaicos, marinhos e lagunares do vasto brejo do delta do Rio Paraíba do Sul.…”