RESUMO Este artigo trata de um estudo de curadoria de objetos e coleções Kaingang, Guarani Nhandewa e Terena em São Paulo, com o propósito de informar esses grupos sobre o que os museus - Paulista e de Arqueologia e Etnologia - fizeram por mais de um século (no caso de objetos Kaingang) ou sete décadas (coleções Kaingang, Guarani Nhandewa e Terena). Para se traçar as trajetórias desses objetos e coleções, a estratégia foi recorrer à Revista do Museu Paulista, inventários antigos e outros documentos, para ver o percurso documental e físico dos objetos, por grupo. Na sequência, com a curadoria dos indígenas, são incorporadas novas interpretações aos objetos, a autorrepresentação indígena, contrastando com o processo documental (representação etnográfica). Nesse sentido, temos o objetivo de registrar as entradas e permutas em dado tempo, mas também revelar como a documentação e suas linguagens foram se alterando ou incorporando outras informações, com as implicações devidas, para se chegar aos objetos e a novas interpretações. O pano de fundo é a cena descolonial sustentada em processo de colaboração com indígenas, o que levou a pesquisa a entender ações institucionais sucessivas, mas, principalmente, encontrar os objetos e disponibilizá-los aos indígenas com as informações e materialidades preservadas possíveis, para serem apropriadas pelos grupos.