Regiões de fronteiras nacionais desvelam fenômenos multifacetados que incidem sobre a relação entre língua e sociedade em diversos domínios da vida cotidiana. A família, a escola, espaços religiosos, o espaço público urbano são cenários de encontros e encontros de línguas e culturas, bem como das múltiplas relações que se constroem nelas e a partir delas. A complexidade dos fenômenos, já atestados em diversos estudos empíricos, evidencia a pertinência de um campo próprio, de uma Sociolinguística da Fronteira. Estudos que se dão desde uma perspectiva macro, como aqueles que versam sobre atitudes linguísticas e políticas linguísticas, como aqueles que tratam da descrição linguística e que analisam tanto o bi- e multilinguismo na fronteira, como práticas translíngues e emergência de línguas de fronteira, constituem a pluralidade desse campo, em que as linhas imaginárias dos Estados Nacionais e as línguas que funcionam na materialidade dos discursos de oficialidade produzem efeitos e realidades próprias. Este texto discute as complexas relações entre língua e sociedade nas fronteiras, partindo da cena em que as fronteiras são compreendidas como limites, em direção à cena em que as fronteiras podem se constituir como recurso e possibilidade de diálogo e trocas interculturais. Para tanto, destacamos a importância de projetos educacionais para potenciais ações político linguísticas em prol do multi/plurilinguismo.