Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. […] A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos [Carta de Pero Vaz de Caminha, 1500].
Resumo: No artigo visa-se à compreensão de como se articula e quais os efeitos do processo de subjetivação identitário produzido por mulheres negras contemporâneas que narram suas experiências de vida no blog Blogueiras Negras. Para o estudo foram selecionadas narrativas autobiográficas publicadas neste espaço interseccional. A análise parte de algumas chaves de leitura fornecidas por Michel Foucault e de outros(as) autores(as) que se agregam ao pensamento pós-estruturalista. O movimento de tornar-se mulher negra evidencia processos de sujeição e subjetivação que ocorrem através de um trabalho de si que é ético e político. A partir de sua identificação com a negritude e com o Feminismo Negro, as autoras estabelecem outras formas de relacionar-se consigo e com os outros (negras/os e brancas/os), o que vem produzindo novos contornos às relações étnico-raciais brasileiras.
Este artigo tem como objetivo analisar o percurso de formação de professores universitários desenvolvido durante a migração das aulas presenciais para o ambiente virtual, devido a pandemia causada pela COVID-19. A base teórica desta análise é composta por referenciais sobre a formação de professores, educação online e a docência contemporânea. A metodologia escolhida para o texto é o relato de experiência A partir desse relato, é possível identificar um processo de (trans)formação no modo de ser professor(a), oportunizado pela experiência docente no ambiente virtual em conjunto com a formação continuada, tanto no que se refere ao viés pedagógico quanto tecnológico. A qualidade da formação docente desenvolvida deve-se à concepção de formação que ampara as ações da universidade e o engajamento do corpo docente, tornando possível o desenvolvimento de um ethos de formação.
Este artigo aborda a interface entre a docência contemporânea e as relações interculturais, mediante análise de narrativas de professores de uma escola pública situada na fronteira Brasil-Venezuela. O espaço escolar se caracteriza pela coexistência, muitas vezes conflituosa, de diferentes culturas, etnias e nacionalidades. A partir da perspectiva pós-estruturalista, estudos sobre interculturalidade e docência são tomados como basilares para a construção argumentativa desenvolvida. Foram realizadas oito entrevistas com professores da escola pesquisada – material que é analisado por meio da ferramenta foucaultiana do discurso. Os excertos evidenciam a pluralidade de olhares docentes sobre as relações culturais na escola de fronteira. A presença de alunos estrangeiros pode ser entendida tanto como uma barreira quanto como uma oportunidade potente de aprendizagem para todos. O texto discute a possibilidade de uma docência constituída por um ethos fronteiriço que permita a existência da diferença e da produção de subjetividades dos sujeitos que habitam a escola.
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