R e s u m o : Este artigo apresenta uma reflexão a respeito da organização espacial da pobreza em uma nova forma de segregação. A pesquisa insere-se no contexto da discussão sobre o processo de exclusão social que determina, em razão de uma série de mecanismos que estruturam a metrópole contemporânea, a organização espacial da população em condição de pobreza. Utilizando a metodologia da linha absoluta para delimitação da pobreza, foi realizado o mapeamento da organização espacial da pobreza na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A partir disso, constatou-se que a RMBH passou a ter uma forma mais dispersa no território, com uma urbanização mais fragmentada e desconexa, com a consequente produção de uma nova periferia metropolitana. P a l a v r a s -c h a v e : pobreza; exclusão social; espaço urbano; periferias fractais; segregação espacial.
INTRODUÇÃOA forma pela qual se organiza a urbanização contemporânea na metrópole possui novas qualidades, determinadas, em especial, por novos processos. É preciso definir essa dimensão, tendo como ponto de partida, principalmente, a constante expulsão das populações pobres nas cidades contemporâneas. Para tanto, propõe-se, aqui, como meio de qualificar essa urbanização e de definir a dimensão da produção dessas novas periferias, o uso da ideia de periferia fractal.Limonad e Costa (2014) exploram uma diferenciação existente no campo conceitual da pesquisa urbana, qual seja: a oposição da noção de "edgeless cities" e a manutenção dos modelos centro-periferia. As autoras afirmam que essa questão surgiu devido à expressiva mudança na organização do espaço metropolitano com a terceira revolução industrial -acentuada no século XXI -, que afetou a distribuição da população e a produção do espaço, desafiando os conceitos estabelecidos para se referir a tais espaços. Muito tem sido escrito a respeito da incapacidade de se manter as categorias, amplamente utilizadas nas décadas de 1970 e 1980, de centro-periferia. Segundo as pesquisadoras, "[...] contemporary urban and metropolitans sprawl defies previous centre-periphery correlations" (LIMONAD; COSTA, 2014, p.118). Na primeira metade do século XXI, vem ocorrendo uma reorganização espacial das metrópoles em escalas diferentes; em decorrência disso, são impostas novas lógicas http://dx.