Este artigo parte do pressuposto de que enunciados só adquirem sentido nos contextos em que são produzidos, apresentando significações diferenciadas, a partir de quem, como e para quem são pronunciados, e em que suportes são veiculados. Considera-se, então, que as mídias podem contribuir significativamente para a aquisição de hábitos e costumes de leitores, além de apresentarem uma perspectiva ideológica de quem produz, com possíveis contrapontos às ideologias de quem os recebe. Nesse contexto, faz-se necessário destacar a importância do gênero textual propaganda que, ao divulgar um produto, veicula uma representação do produtor, e busca alcançar a adesão não apenas de consumidores diretos, mas também de parcelas da população. Posto isto, o presente trabalho tem como objeto de discussão propagandas da empresa Monsanto - empresa de produção agrícola em escala mundial, bem como propagandas de ONGs, cujo objetivo é esclarecer à população sobre a questão da soberania alimentar. A estrutura do artigo fundamenta-se em uma discussão inicial acerca de concepções de educação ambiental, soberania alimentar, agroecologia e representações sociais, buscando identificar, nos textos escolhidos, as concepções que os permeiam, bem como os ‘lugares’ sociais que buscam ocupar aqueles que os produzem. As discussões valem-se de subsídios explicitados pela Teoria das Representações Sociais, pela Análise do Discurso e pela Teoria Sociointeracionista da linguagem. Dessa maneira, foram analisados um total de quatro textos, sendo dois da Monsanto e dois de ONGs de diferentes países. O objetivo é apresentar contrapontos e relações entre os discursos, observando como esses podem se constituir ou se valer de representações sociais já constituídas para alcançar a aderência do consumidor. Contextualizam-se as mídias a partir de suas condições de produção, determinando o público-alvo de seus discursos e ações, retratadas nas propagandas. A perspectiva teórica e metodológica considera, além das teorias mencionadas, a Teoria do Agendamento. As conclusões iniciais que se podem inferir relacionam-se à percepção da mídia como produtora de um tratamento da informação refratando informações que podem contribuir para a construção/consolidação de representações sociais e a existência de uma dicotomia, propagada pela mídia.