Educação Física, ensino médio e juventude: vamos falar sobre crise?

Abstract

Este ensaio se insere no debate atual que procura analisar as relações que são estabelecidas entre a Educação Física (EF), o Ensino Médio (EM) e a juventude no cenário brasileiro. O objetivo é mostrar, a partir do diagnóstico da crise da instituição escolar, que as atuais propostas/reformas educacionais dirigidas ao EM afetam também a discussão a respeito da juventude e da EF escolar, fazendo com que elas também iniciem um processo de crise. O texto sugere, com um olhar epistemológico, que a inserção do EM dualista traz o retorno de uma visão de jovem pautada pela perspectiva geracional e anuncia uma nova era da crise de legitimidade da EF dentro do contexto do EM.

Reasons for high school students dropping out of physical education classes (Razones por las que los estudiantes de secundaria abandonan las clases de educación física)

“…Diversity is a widely discussed topic and influences the school space itself, given this context, high school tends to seek its own identity and form a more flexible curriculum, which matches the language of young people, in order to understand the student himself and school diversity itself (Bungenstab, 2019).…”

(Re)significando a educação física escolar no ensino médio: a partir do planejamento de ensino de jogos populares

“…Apesar deste documento discorrer sobre a importância do aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, bem como de uma formação voltada à cidadania, a Reforma do EM e a BNCC (2018) trazem para discussão o questionamento a respeito da necessidade ou não da EF na formação do estudante e da sua permanência como componente curricular no EM. Essa seria a atual crise que a EF vem enfrentando, pois se direciona a formulação de perguntas a respeito da sua legitimidade no EM (BUNGENSTAB, 2019). Essa gradativa exclusão da EF talvez esteja associada às mudanças ocorridas no EM, que privilegiam o trabalho, a formação profissional e técnica (SANTOS;FERNANDES;FERREIRA, 2018).…”

“…Neste âmbito, sugere-se aos professores que reconheçam a juventude nas suas múltiplas dimensões, buscando considerar em suas propostas pedagógicas a realidade dos estudantes, de forma a torná-los interlocutores do processo e contribuir na construção das condições juvenis (BUNGENSTAB, 2019). Diante disso, cabe pensar a EF em um diálogo com uma noção de juventudes e com práticas corporais que são produzidas no interior de diferentes contextos culturais, no qual os sujeitos experimentam e se apropriam das práticas e das culturas elaborando diferentes sentidos e significados para as mesmas (GARIGLIO; ALMEIDA; OLIVEIRA, 2017).…”

“…Na literatura científica diversos estudos têm apontado as dificuldades de consolidação da EF no EM, seja em decorrência: das reformas curriculares que vem sofrendo o EM (GARIGLIO; ALMEIDA; OLIVEIRA, 2017;BUNGENSTAB, 2019); da ênfase na promoção de práticas esportivas e o desconhecimento do seu valor pelos estudantes (WANDERLEY;CEZAR, 2013;GRAEBNER;MATIAS, 2014;RIPARI et al, 2018); ou ainda, da fragilidade no planejamento de ensino pelos professores (BRAN-DOLIN;KOSLINSKI;SOARES, 2015;CARDOSO;NUNEZ, 2014;SANTOS;FERNANDES;FERREIRA, 2018;SOUZA;FUR-LAN, 2020).…”

“…Intencionando superar essas dificuldades e legitimar a EF no currículo do EM, compreendemos que seja necessário (re) significar o seu ensino, de modo a considerar a realidade dos estudantes, bem como possibilitar aos mesmos que atuem como interlocutores no processo de ensino (BUNGENSTAB, 2019). Diante disso, no presente artigo objetivamos apresentar um relato de experiência do planejamento e desenvolvimento colaborativo de uma proposta pedagógica para o ensino de EF no EM, por meio da abordagem de Jogos populares, visando fomentar discussões sobre a importância do ato de planejar o ensino para o desenvolvimento integral dos estudantes, como um mecanismo de legitimação da EF enquanto área do conhecimento no currículo escolar.…”