Métodos ativos de ensino têm sido vastamente investigados na literatura da área de Ensino de Ciências. Esses estudos têm demonstrado, entre outras coisas, que atividades que promovem um papel ativo dos estudantes, favorecendo o engajamento nas aulas de Ciências, contribuem para melhores resultados de aprendizagem. Investigações como essas levaram pesquisadores a assumirem a implementação de métodos ativos como estratégia para combater a evasão em cursos universitários. Em alguns casos, admite-se que melhores resultados de aprendizagem colaboram para uma diminuição nos índices de reprovação, culminando em menos estudantes que abandonam a graduação. Esse argumento, amplamente utilizado para defender a implementação de métodos ativos de ensino, ainda que seja pertinente, pode ser enriquecido a fim de melhor dirigir ações didáticas e de pesquisas. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é evidenciar as relações entre a implementação desses métodos e a decisão de persistir ou de evadir de estudantes em cursos superiores, especialmente em cursos de ciências exatas, expondo exemplos particularmente relacionados com o ensino de Física. Para isso, tomamos como referencial a teoria interacionista de Vincent Tinto. Buscamos, fundamentados em resultados da literatura, mostrar como a implementação de métodos ativos de ensino auxilia para melhorar as percepções dos estudantes sobre: i) suas capacidades para suprirem as demandas do curso (crenças de autoeficácia); ii) seu pertencimento como membros de uma comunidade que valoriza suas participações na instituição (senso de pertencimento); e iii) o valor e/ou relevância dos estudos previstos no currículo dos seus cursos (percepção de currículo). Com isso, contribuímos para a área de Ensino de Ciências proporcionando um quadro teórico para o delineamento, a condução e o estudo de ações institucionais focadas no combate à evasão universitária.