INTRODUÇÃOO termo microestrutura é utilizado para descrever as características estruturais encontradas nos materiais poligranulares (policristalinos ou polifásicos). As microestruturas podem ser caracterizadas pelo tipo, proporção e composição das fases presentes, e pela forma, tamanho, distribuição e orientação dos grãos.No estudo dos materiais cerâmicos, a análise da microestrutura é empregada para explicar diferentes propriedades e, conseqüentemente, diferentes aplicações para os materiais. Uma amostra de um material de mesma composição química pode apresentar uma resistência à fratura bem superior à outra, mesmo que ambas tenham se submetido aparentemente ao mesmo processamento. Este fato bastante comum na análise dos materiais, quase sempre encontra explicação ao estudar-se a microestrutura, observando-se, por exemplo, o tamanho de grão, quantidade de fase vítrea, forma do poro, características essas acessíveis a técnicas de análise bastante simples.O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é uma ferramenta poderosa devido à alta capacidade de resolução de imagens, permitindo-se observar imagens com excelente nitidez com, por exemplo, 10.000 vezes de ampliação, ou seja, partículas de aproximadamente 1 m de tamanho (potencialmente, este equipamento apresenta ainda maior capacidade de resolução). A utilização do MEV auxiliado por microssonda EDX (Energy Dispersive X-ray) que permite a análise química elementar puntual, apresenta um recurso de grande valia na investigação da microestrutura. É preciso é claro se conscientizar das limitações e imprecisões desta análise, principalmente em um produto de porcelana, cuja fase vítrea permite relativa mobilidade a certos elementos, como o sódio, de modo que a composição química elementar pode apresentar significativa variação de um ponto a outro. O conhecimento da morfologia das fases e o auxílio do difratômetro de raios X, na determinação das fases presentes, aumentam bastante a confiabilidade de uma análise, auxiliada também pela pesquisa bibliográfica.O modo de preparação das amostras determina as características que se poderá observar na análise microestrutural. A fase vítrea superficial pode ser removida por meio de ataque ácido da amostra, durante a preparação da mesma para a análise por microscopia, revelando-se as fases cristalinas. Sem ataque ácido, observa-se principalmente a fase vítrea, algum contorno de fase e, possivelmente, a presença de bolhas de gás e trincas na fase vítrea. Assim, os resultados deste trabalho são apresentados considerando-se o método de preparação na investigação da microestrutura de uma porcelana.Este trabalho objetiva, portanto, mostrar características que se pode observar na microestrutura de porcelanas que explicam as propriedades das mesmas. Assim, a perfeita correlação do processo de queima com as características da fase vítrea são Aranha, 99/705, Porto Alegre, saulorb@ufrgs.br Resumo A microestrutura de uma porcelana tradicional, queimada a diferentes temperaturas, foi analisada e relacionada com suas propriedades técnicas....