RESUMOTendo Portugal superado o atraso científico estrutural vivido até há cerca de três décadas, a análise desta matéria à luz das políticas de investigação definidas a nível global e europeu mostra que há ainda um longo caminho a percorrer quando se fala em investimento global em Investigação & Desenvolvimento. A investigação para a saúde em Portugal tem tido tutela partilhada entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, sendo que esta matéria não tem sido uma prioridade -a realidade demonstra a não existência de um plano de investigação científica para a saúde em Portugal, o qual possa pôr em franca articulação os diferentes atores intervenientes. As orientações estratégias do Plano Nacional de Saúde 2004 -2010 são as que mais se aproximam de uma política de investigação para a saúde para Portugal sem que, no entanto, as questões então abordadas tenham sido desenvolvidas de uma forma abrangente ou, à posteriori, implementadas pelas instituições que têm responsabilidades sobre a investigação científica no setor da saúde. Na convicção de que adoptar uma estratégia de incentivo à investigação para a saúde consiste uma mais-valia para o sistema de saúde português, os autores propõem neste trabalho cinco sugestões estratégicas em matérias de investigação para a saúde em Portugal.
INTRODUÇÃOO presente trabalho pretende apresentar uma visão global da política de investigação científica para a saúde em Portugal. Partindo do enquadramento da experiência portuguesa em matéria de política de investigação científica efetuado na primeira parte do presente artigo, 1 aprofunda--se agora especificamente a investigação científica para a saúde, apresentando alguns dos atores envolvidos. Da reflexão efetuada discorre um conjunto de sugestões que pretende contribuir para a definição de uma política de investigação para a saúde em Portugal.
A INVESTIGAÇÃO PARA A SAÚDE EM PORTUGAL, ATORES E AGENDATendo Portugal superado o atraso científico estrutural de que foi alvo até há cerca de três décadas, 2 a análise deste progresso à luz das políticas de investigação definidas a nível global e europeu mostra que há ainda um longo caminho a percorrer quando se fala em investimento global em Investigação & Desenvolvimento, sendo que o país tem evidenciado uma capacidade insuficiente para conceber e implementar, de forma participativa, uma política de investigação e ciência. 3,4 Até à década de 90, a realidade da ciência e tecnologia em Portugal era caracterizada por uma dimensão e articulação consideravelmente reduzidas. Apenas a partir de 1996 as instituições científicas começam a ser sujeitas a avaliações independentes, o que constituiu um acontecimento chave no âmbito da efetiva abertura da comunidade científica e da construção do sistema científico português.