A análise do trabalho convoca à ampliação de referências epistemológicas e metodológicas para produzir transformações a partir de suas distintas realidades e dimensões. Nesse sentido, as abordagens das Clínicas do Trabalho se mostram como um caminho para compreender as relações entre subjetividade e trabalho, considerando suas condições concretas. O objetivo deste artigo é discutir, com base nas Clínicas do Trabalho, a relação entre processos de trabalho precarizado e a subjetividade de trabalhadores e trabalhadoras, em dois contextos laborais e territoriais distintos. Assim, parte-se de duas pesquisas para pensar esta mobilização. Na primeira, foram realizadas entrevistas em profundidade com haitianos(as) que residiam em Contagem/MG, a fim de compreendermos as dimensões psicossociais da migração para migrantes haitianos a partir das categorias território e trabalho. A segunda pesquisa buscou compreender as trajetórias empreendedoras no Uruguai e na Argentina a partir de um estudo sobre empreendedorismo nos dois países, que incluiu entrevistas biográficas com 18 empreendedores. Tais experiências possuem em comum a presença do desemprego nas trajetórias laborais de trabalhadoras e trabalhadores entrevistados(as) e uma característica básica do precariado: a ausência de um projeto de futuro que possibilite a construção de existências emancipatórias, o que pode ser fonte de sofrimento psíquico.