4RESUMO -Racional -A hipertensão portal é a causa principal das complicações da cirrose hepática, traduzidas clinicamente por circulação colateral visível na parede abdominal, ascite e varizes esofágicas. Objetivo -Avaliar a capacidade do ecodoppler do sistema porta no diagnóstico de alterações esôfago-gástricas endoscópicas secundárias à hipertensão porta em pacientes com cirrose hepática. Pacientes e métodos -Cento e oitenta e seis pacientes dos ambulatórios de gastroenterologia e hepatologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, foram selecionados para avaliação. Destes, 145 completaram todas as etapas e 133 puderam ser incluídos na análise fi nal dos dados. Todos foram submetidos a endoscopia digestiva alta, visando determinar presença e grau de varizes esofágicas e gástricas e de gastropatia congestiva e ao ecodoppler do sistema porta para medir/aferir pico de velocidade sistólica da veia porta, diâmetro das veias porta e esplênica, tamanho do baço, presença de recanalização da veia umbilical e de fl uxo hepatofugal. Resultados -Os pacientes com varizes esofágicas e gástricas tiveram diferença signifi cativa do tamanho do baço quando comparados com os pacientes sem essas alterações. No entanto, a exatidão e a especifi cidade deste parâmetro não foi adequada. O diagnóstico de gastropatia congestiva pode ser predito de maneira signifi cativa, tanto pelo diâmetro da veia porta, quanto pelo da esplênica e também pelo tamanho do baço. Da mesma forma, todavia, a exatidão e especifi cidade destes parâmetros foram ruins. As medidas foram validadas pela construção de curvas ROC ("Receiver Operating Characteristic"), cujas áreas sob as curvas foram sempre menores que 0,8. Conclusão -Nesta série de pacientes não houve boa correlação dos parâmetros do ecodoppler do sistema porta com a presença das principais alterações endoscópicas (varizes esofágicas, varizes gástricas, gastropatia congestiva) em pacientes com cirrose hepática. DESCRITORES -Varizes esofágicas e gástricas. Cirrose hepática. Ultra-som. Hipertensão portal, ultra-sonografi a.
INTRODUÇÃOEm condições normais a circulação porto-hepática é capaz de acomodar grandes variações do fl uxo sangüíneo com pequenas variações da pressão portal.O sistema venoso portal é um sistema de alto fl uxo (1 a 1,5 L/min) e baixas pressões sangüíneas (5 mm Hg). A hipertensão portal caracteriza-se pelo aumento crônico da pressão venosa no território porta, secundário à interferência no fl uxo sangüíneo venoso esplâncnico e traduzido, clinicamente, por circulação colateral visível na parede abdominal, ascite e alterações esôfago-gástricas, ou seja, varizes esofágicas (VE), varizes gástricas (VG) e gastropatia congestiva (GC) (3,12) . Em pacientes cirróticos ocorrem alterações arquiteturais no parênquima do fígado e funcionais que acarretam aumento da resistência vascular ao fl uxo sangüíneo