Objetivamos discutir as formas de participação política de mulheres quilombolas rurais, considerando os espaços de inserção, os desafios enfrentados e efeitos produzidos na vida cotidiana. Para tanto, realizamos entrevistas semiestruturadas como tática de produção de dados. As principais instâncias de participação das mulheres se dão em movimentos sociais, sindicato, a associação de moradores e grupos religiosos. Nesses espaços contribuem na presença em reuniões como ouvintes e na contribuição financeira mensal ao sindicato e à associação. As mulheres apontam dificuldades relativas aos lugares tradicionais de gênero, de ordem material como a falta de transporte, inviabilizando a participação em eventos, bem como forte desmobilização comunitária. Identificam repercussões da participação política em termos da melhoria nas condições de vida, na aquisição de novos conhecimentos e alteração nas relações comunitárias e familiares. A identidade étnico-racial e o racismo foram questões pouco evocadas no tocante aos conteúdos tratados nas instâncias de participação política.