INTRODUÇÃOA escolha da especialidade médica é uma tarefa difícil para o estudante ou o recém-formado em Medicina, dada a importância que tem na definição da sua carreira 1 . É também relevante para os sistemas de saúde e seus gestores 2 , uma vez que o equilíbrio entre a oferta de especialistas das diferentes áreas e as demandas da população por cada uma delas é fator crucial para a organização adequada da assistência à saúde 3,4,5 .Na esfera individual, Ribeiro et al.
6, em estudo realizado numa faculdade de Medicina pública brasileira, constataram que a pressão da seleção para a residência médica e a definição de um currículo paralelo precocemente restrito colocam a escolha da especialidade como fonte de angústia e direcionamento da formação já no início do ciclo clínico.Na esfera coletiva, é um desafio permanente e global conciliar as necessidades de saúde da população, que implicam um contingente amplo e bem distribuído de profissionais em algumas áreas estratégicas, como a atenção básica, e os interesses e aspirações individuais dos médicos recém-formados, que não raro os distanciam dos campos de atuação generalista 6 .Há, ainda, interconectando ambas as esferas, a problemá-tica dos médicos que abandonam o treinamento na especialidade por se verem frustrados ou inseguros com a carreira que escolheram 1,3,7 , apontando a possível consequência do preparo insuficiente para a tomada dessa decisão 2 . Essa situação repercute negativamente na dinâmica dos serviços de saúde e nos programas de residência médica 8 . O ponto de partida para solucionar essas questões é o conhecimento sobre o processo de escolha da especialidade e seus múltiplos condicionantes 5,9 . Estes têm sido agrupados em fatores externos e internos 9,10 . Entre os primeiros, destacam--se mercado de trabalho, retorno financeiro e disponibilidade de programas de residência 1,10,11 . Entre os fatores internos, descrevem-se aqueles relacionados com interesses, aptidões e valores do responsável pela escolha 1,10,11 , que parecem ter papel predominante 12,13 . Em outras palavras, o estudante de Medicina ou o recém-formado tendem a buscar uma especialidade cujas características intrínsecas e posição social correspondam às suas necessidades de autorrealização 1,2,9,13 . Logo, os seus traços de personalidade, entendidos como fundamen- ; (2) o desenvolvimento de programas e estratégias que enfoquem a correlação entre as características e preferências de cada estudante e as especialidades que lhe são mais afins 10 .Pertencem a essa segunda vertente de ações instrumentos como o Specialty Choice Inventory 59 (abreviado Sci59 -inicialmente, Sci45), um teste psicométrico britânico que, ao ser completado, apresenta a cada respondente as especialidades atualmente praticadas no Reino Unido em ordem decrescente de afinidade com seu perfil individual. Assim, é possível balizar a escolha de uma especialidade de forma prática, uma vez que o teste está hospedado em sítio eletrônico e é bem embasado, dado o rigor metodológico com que foi construído 20 .Tendo em...