RESUMOEste é um estudo descritivo e exploratório que objetivou descrever as crenças em saúde de pessoas negras hipertensas sobre o controle do estresse e levantar os fatores sociodemográficos envolvidos. Um instrumento específico foi utilizado para entrevistar os 106 participantes, todos adultos, negros e hipertensos. Os dados foram analisados em percentuais, frequência de casos, escores e razão de prevalência. A análise global possibilitou evidenciar que os participantes mostraram-se indecisos quanto a evitar preocupação e perceberam mais benefícios quanto a ter horas de lazer e diversão e ter um tempo para o descanso, sossego, relaxamento e meditação. Mulheres e pessoas mais jovens, sem companheiro e com baixa renda e escolaridade perceberam menos crenças sobre os benefícios do controle do estresse. O estudo identificou indicadores que interferem no controle do estresse e aponta a necessidade de reflexão e implementação de novas formas de atenção a pessoas negras hipertensas.Palavra-chaves: Enfermagem. Hipertensão. Prevenção. Controle.
INTRODUÇÃOA hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível considerada um problema de saúde pública no mundo (1) . Sua etiologia é em 90% dos casos desconhecida, mas no início são considerados dois grupos de fatores de risco, os não controláveis, que incluem hereditariedade, idade, raça/cor e sexo, e os controláveis, englobando sobrepeso/obesidade, ingestão excessiva de sódio, gorduras saturadas e bebidas alcoólicas, sedentarismo, tabagismo e estresse psicossocial (2) . Desse modo, o grande desafio consiste em ações de prevenção e controle dos fatores que influenciam a adesão ao tratamento (1) .O estresse é um elemento natural e necessário da vida, envolve a capacidade motora e fisiológica dos indivíduos de reagir. Todavia, a sobrecarga de situações provocadoras de estresse ou a manutenção de certas condições estressoras podem determinar o aparecimento ou agravamento de doenças (3) . A hipótese da reatividade cardiovascular considera que indivíduos com respostas pressóricas mais elevadas diante de estímulos estressantes da vida diária tem maior risco para doenças cardiovasculares, particularmente a hipertensiva e a coronária em razão da maior variabilidade e níveis mais elevados da pressão arterial nas situações de estresse. Portanto, possuem maior tendência a desencadear as alterações estruturais e funcionais no coração e nos órgãos-alvo, características da HAS (4) .Apesar de o estresse psicossocial ser considerado um fator de risco para HAS, a análise da literatura mostra que pouco tem sido explorado sobre as crenças de pessoas negras hipertensas relacionadas à prevenção e ao controle do estresse. Cabe ressaltar que a relação entre raça negra e HAS está associada tanto a fatores biológicos como sociais (5) , especialmente devido às privações econômicas e à resistência à opressão racial, levando à adoção de dietas inadequadas, elevado índice de estresse e maiores taxas de consumo de álcool e tabaco (6) .Conhecer as crenças em saúde sobre o controle ...