IntroduçãoA adolescência é caracterizada por acentuadas mudanças corporais e psíquicas devidas à crescente produção hormonal que influencia o desenvolvimento emocional e o comportamento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera adolescência o período entre 10 e 19 anos de idade. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) a define como a faixa etária entre 12 e 18 anos 1 . As implicações jurídicas dessas definições são, às vezes, contrárias ao direito da população adolescente e podem interferir na prestação de cuidado à saúde física e emocional dessa população. O Ministério da Saúde do Brasil adverte que os adolescentes podem ser atendidos sozinhos, caso o desejem, e que devem ter a garantia de que as informações oferecidas nesse atendimento não serão repassadas aos seus pais e/ou responsáveis, bem como aos seus pares, sem concordância explícita 2 .A expressão afetiva, emocional e erótica do adolescente reflete a expressão do seu comportamento sexual, que é construído no seio familiar desde a mais tenra idade. Nesse processo, os pais têm um papel fundamental, pois são eles os primeiros a auxiliar a criança a interpretar o ambiente em que vivem, e são a primeira referência para a criança que passa a mimetizar suas ações. A partir do convívio social, a aprendizagem da criança se amplia, incorporando diferentes parâmetros conceituais advindos do meio. O comportamento adotado resultará da interpretação desses diferentes ambientes, refletindo na expressão da sexualidade, ou seja, na forma com que o adolescente expressa a sua feminilidade, masculinidade ou ambas 3 . Um ambiente de violência física, emocional, sexual ou de negligência pode repercutir sobre o comportamento sexual do adolescente 4,5 . Por outro lado, um relacionamento assertivo com os pais tem reflexo positivo sobre sua sexualidade e saúde geral 6 .O médico, especialmente o ginecologista, tem um papel importante na orientação sexual do adolescente visando sua saúde sexual 7 , mas a formação desse profissional para a abordagem da sexualidade é insipiente em nosso meio 8 . Isso contribui para que as orientações oferecidas por esse profissional sejam mais direcionadas para os riscos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e da gravidez não planejada em detrimento da abordagem do sexo como forma de prazer e informações sobre os riscos relacionados com a iniciação