A qualidade do atendimento ao parto na rede pública hospitalar em uma capital brasileira: a satisfação das gestantes Quality of care for labor and childbirth in a public hospital network in a Brazilian state capital: patient satisfaction La calidad de la atención al parto dentro de la red pública hospitalaria en una capital brasileña: la satisfacción de las gestantes (88,2%), gentileza (86,7%)
, trabalho dos médicos (85,2%) e confiança nos profissionais (84,3%). Enquanto as maiores insatisfações relacionaram-se com: temperatura da enfermaria (62,2%), possibilidade de fazer reclamações (48,1%), quantidade e qualidade das roupas (49,2%) e privacidade (43%). Apesar das conquistas, os achados revelaram a necessidade de reorganização da política de assistência obstétrica com a regionalização, regulação, consolidação das redes de atenção e intervenções na ambiência, visando consolidar a humanização da atenção.
Avaliação em Saúde; Qualidade da Assistência à Saúde; PartoEste é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.Silva ALA et al.
IntroduçãoNo Brasil, o percurso da organização da assistência obstétrica determinou a consolidação de forma hegemônica do modelo tecnocrático, excessivamente medicalizado, não baseado em evidências científicas, com a despersonalização do cuidado e o predomínio do uso de tecnologia 1,2 .Seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o implemento da humanização da assistência ao parto, foi lançado no Brasil, no ano 2000, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) 3 . A assistência humanizada ao parto representa a contracultura ao modelo hegemônico e envolve conhecimentos, práticas e atitudes, para promover partos e nascimentos saudáveis. Garantindo a privacidade, a autonomia e o protagonismo da mulher com o desenvolvimento de procedimentos comprovadamente benéficos, sem intervenções desnecessárias, com o respeito às escolhas informadas e a presença de um acompanhante à escolha da parturiente 4,5 .As importantes estratégias desenvolvidas ao longo desses anos não têm sido suficientes para garantir a qualidade da atenção prestada às mulheres, refletindo o efeito limitado das políticas públi-cas dirigidas à mudança do paradigma de assistência ao parto. Estudos demonstram que o acesso aos serviços obstétricos não é igualitário 6,7 , há iniquidade na distribuição de unidades e leitos 8 , inadequações de estrutura das maternidades 9,10 , persistência no desenvolvimento das práticas obstétricas não recomendáveis, tais como uso de ocitocina, episiotomia, manobra de Kristeller, entre outras 4,5,11,12 , além do aumento constante das taxas de cesarianas, da prematuridade e do baixo peso ao nascer caracterizando a fragilidade dos cuidados prestados 13,14,15 .No contexto da avaliação de uma política pública prioritária, a satisfação das usuárias configura-se como importante campo na a...