O objetivo deste trabalho é analisar as interpretações dos modais deônticos em Português Brasileiro (PB) com base em dois tipos de obrigação: ought-to-do e ought-to-be (Castañeda 1970 e Feldman 1986). Em Hacquard (2006, 2010), ought-to-do e ought-to-be são interpretados em posições sintáticas diferentes: uma baixa, logo acima do VP, com o modal orientado para o sujeito; e outra alta, acima de Tense, com o modal orientado para um participante do evento de fala. A posição baixa é associada a modais de raiz; e a alta, ao deôntico ought-to-be e ao epistêmico. Neste trabalho, investigamos experimentalmente, por meio de um teste de aceitabilidade com falantes nativos de PB, a intuição de Rech e Varaschin (2018b), segundo a qual, em uma sequência de deônticos, o primeiro é sempre associado à interpretação ought-to-be. Os resultados mostram que a sequência em que dois modais são utilizados seguidos de uma segunda sentença que salienta a interpretação de ought-to-do é julgada significantemente menos aceitável. Quando somente um modal é utilizado, as sentenças que salientam as duas interpretações deônticas são igualmente aceitáveis. Consideramos este resultado uma evidência de que o deôntico ought-to-be é interpretado na periferia esquerda da sentença, em interação com as relações discursivas de coerência.