“…É uma mulher fazendo o trabalho doméstico para que outra mulher possa de fato fazer parte do mercado de trabalho. A razão dessa permanência da atribuição do trabalho doméstico às mulheres, no mesmo contexto da reconfiguração Ao incorporar os diferenciais por sexo, bem como as relações de gênero às análises de fluxos migratórios, Peres e Baeninger (2012) sugerem ir além da descrição das diferenças entre homens e mulheres, e que as teorias de migração devem avançar no sentido, no significado e nas experiências das mulheres migrantes através de sua interface com o trabalho, o arranjo familiar e as unidades domésticas.Deste modo, Neto e Nazareth (2012) trazem um importante contributo sobre a força e representatividade com que as mulheres veem aparecendo nos números e nas discussões sobre migração no mundo globalizado fazendo com que muitos especialistas venham tratando de um processo de feminização dos fluxos migratórios ou dos deslocamentos populacionais(LISBOA, 2007), tornando necessária uma reflexão mais profunda sobre as especificidades da migração feminina, abordando fatores de vulnerabilidade e desigualdade, quanto à abertura de possibilidades e transformações na estrutura social, familiar e do trabalho.Após anos de invisibilidade feminina, mas, como importante ator no centro das mudanças contemporâneas, hoje, percebem-se o reconhecimento dos direitos das mulheres nas distintas dimensões de suas trajetórias, ciclo e curso de suas vidas, tanto a nível público quanto privado. O próprio trabalho doméstico remunerado passou da Censo do IBGE de 2010, entre os 4.643 mil indivíduos que migraram entre as Unidades da Federação nos últimos 5 anos antes do Censo, 2.363 mil eram homens e 2.280 mil, mulheres.…”