Este artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho seja corretamente citado.
ESTAMOS VIVENDO UMA EPIDEMIA DE ALERGIA ALIMENTAR?Are we experiencing a food allergy epidemic?
Fabiane PomiecinskiUniversidade de Fortaleza -UNIFOR -Fortaleza (CE) -Brasil
Virginia Maria Costa de Oliveira GuerraUniversidade de Fortaleza -UNIFOR -Fortaleza (CE) -Brasil
Rita Erotildes Maranhão MarianoSecretaria da Saúde de Fortaleza -Fortaleza (CE) -Brasil
Raquel Cristina de Sousa Lima LandimUniversidade de Fortaleza -UNIFOR -Fortaleza (CE) -Brasil A alergia alimentar é caracterizada por uma reação adversa à ingestão de alimentos, ou aditivos alimentares, mediada por mecanismos imunológicos (1) . Os alimentos mais comumente envolvidos nesse processo são: leite de vaca, ovo, trigo, soja, frutos do mar, peixes, amendoim e castanhas. Mas tem ocorrido também por alimentos antes não identifi cados como causadores de alergias, como kiwi, gergelim, macaxeira (aipim), entre outros (2) . Pressupõe-se que as reações alérgicas aos alimentos acometam cerca de 6 a 8% das crianças com menos de 3 anos de idade e 2 a 3% dos adultos, cuja sintomatologia tem se tornado mais grave e mais persistente (2) . As crianças representam o segmento mais susceptível a essas manifestações. E, embora não haja dados ofi ciais sobre a incidência de alergia alimentar no Brasil, estudos observacionais e relatos dos pediatras gastroenterologistas afi rmam se tratar de um problema nutricional em ascensão, que vem se tornando um problema de saúde pública em todo o mundo, causando impacto negativo na qualidade de vida da população.Vários motivos podem contribuir para esse aumento, principalmente os fatores genéticos e ambientais. Estima-se que o risco de alguém se tornar alérgico seja 60% defi nido pela genética e 40% defi nido pelo ambiente e hábitos de vida(1) . Quanto à genética, geralmente o indivíduo com alergia alimentar nasce com uma predisposição para desenvolvê-la. Na presença de atopia familiar, é comum os pais ou irmãos apresentarem rinite, asma, dermatite atópica ou alergia alimentar (3,4) . Dentre os fatores ambientais, destacam-se as alterações na microbiota intestinal (uso excessivo de antibióticos, medicamentos inibidores de ácido gástrico, aumento dos nascimentos por cesariana); exposição a alimentos processados, ultraprocessados e transgênicos; baixos índices de aleitamento materno e oferta tardia dos alimentos sólidos às crianças (5) . Infere-se, no entanto, que os maiores desafi os diante de uma possível epidemia de alergia alimentar na atualidade estejam relacionados ao tipo de parto, à ausência de amamentação e à exposição a antígenos.Partindo-se da constatação de que as crianças nascem livres de germes e que a colonização é iniciada imediatamente após o nascimento, compreende-se que esse processo é infl uenciado pelo tipo de parto. No parto normal, a colonização do recémnascido tem como fonte natural a microbiota intestinal ...