Os organismos multilaterais e suas agendas têm exercido cada vez mais influência (em diferentes escalas) na produção de políticas com o foco na docência, que visam assegurar o envolvimento dos professores com as proposições para o currículo, promovendo mudanças no trabalho docente marcadas pela responsabilização (DIAS, 2013, 2016, 2021). O presente artigo busca analisar como a responsabilização vem sendo articulada e apresentada como demanda em âmbito global por organismos multilaterais e as reverberações desses nas políticas de currículo e docência local, em contextos nos quais circulam discursos de “crise da educação” (MACEDO, 2014). O foco são produções que contam com a colaboração da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). As análises são feitas a partir de referenciais pós-estruturais, pós-fundacionais, que compreendem as políticas como práticas discursivas. É possível observar a manutenção das políticas de currículo para formação de professores sendo postas como principal estratégia para a melhoria da qualidade da educação em âmbito global, o que reforça demandas em torno da responsabilização docente no contexto local.