Estuda-se a situação de vulnerabilidade de mulheres ribeirinhas vítimas de escalpelamento na Amazônia, com o objetivo de compreender como ocorre o processo de construção das marcas sociais e educacionais tatuadas em seus corpos, atravessadas pelas percepções socioculturais. A metodologia de abordagem qualitativa teve as entrevistas narrativas (auto)biográficas como instrumento para a produção de dados obtidos com dez mulheres escalpeladas. As narrativas evidenciam que sentimentos de vergonha e medo das mulheres surgem em diferentes contatos sociais, os quais reforçam atitudes de autoexigência e autodepreciação, bem como de resistência. Concluímos que as mulheres ao narrarem sobre as marcas do preconceito e descriminação, revelam aventuras, comédias e dramas de suas vivências em variados cenários social, educacional, tornando-se, as protagonistas de suas sociabilidades, uma vez que são elas que escrevem e reescrevem sua história, constroem seu jeito de ser e pensar-se, fazem cultura, marcam sua presença e recriam seus territórios dentro desse novo corpo.