Esta tese, apoiando-se no quadro de referência da Semiótica Tensiva, se propõe examinar a existência de uma gramática tensiva regedora das obras de vanguarda, que se põem sob a égide da "tradição de rupturas". Focalizando a descrição e a análise das operações formais dos objetos pictóricos, examina os traços heterogêneos constitutivos do objeto visual e sua estruturação, bem como o par opositivo continuidade (tradição) e ruptura (modernidade) na arte, com base nas relações entre formantes mínimos da gramática visual, que engendram uma gramática de continuidade (a função), responsável por duas subgramáticas, a de rompimento forte e a de rompimento fraco (funtivos). Daí as questões: seria a arte de vanguarda uma continuidade de rompimentos fracos ou de rompimentos fortes? De que tipo de rompimento se está falando quando se focalizam objetos estéticos do século XX? Toda ruptura constituiria um ato de rompimento, de maneira imediata, com todos os procedimentos da tradição, ou apenas a triagem de alguns procedimentos, preservando outros como elo entre o passado e o futuro? Dessas questões, depreendeu-se que a figuratividade é ponto central nas vanguardas ditas de ruptura. Tomada como parâmetro, a figuratividade seria um dos reguladores da continuidade pictórica de vanguarda, pois seria ela a característica que mais se acentua tanto em sua construção, como em sua desconstrução. No caso de rupturas progressivas (chamadas de rupturas em desenvolvimento), nem tudo é triado como eliminação: alguns traços tensivos são preservados. Observou-se atenuação da ruptura em traços reiterativos tanto de figurativização (diminuição de plasticidade), quanto de abstração (aumento de plasticidade). A tese está dividida em quatro capítulos. No capítulo 1, abordam-se tradição e ruptura nas artes plásticas, ou seja, continuidade e descontinuidade de valores estéticos. No capítulo 2, focaliza-se o pêndulo tensivo que contempla a oscilação entre plástico e figurativo, salientando valores de evolução e revolução. No capítulo 3, apoiando-se no plano da expressão, contemplam-se análises de estudos de caso e verificam-se predominâncias de plasticidade ou figuratividade, homologando-as com elementos do nível tensivo, como tonicidade e andamento. No capítulo 4, considera-se a emancipação plástica brasileira em relação à arte predominantemente europeia. Para reduzir o risco de viés teórico de ver na realidade apenas o que a teoria permite ver, bem como minimizar imperfeições analíticas, procedeu-se ao exame dos objetos estéticos considerando um percurso de dupla direção: da teoria ao objeto e do objeto à teoria. Foram comparados objetos de estéticas diferentes, objetos diferentes de uma mesma estética, objetos de um mesmo artista, mas postos em confronto e, por fim, um só objeto, considerando suas partes constitutivas. Para esse exame, além da teoria tensiva, serviram de base textos teóricos de artistas de variadas épocas, bem como manifestos teóricos. Esses procedimentos permitiram propor a substituição do conceito de ruptura pelo conceito de romp...