Este texto propõe-se a discutir os efeitos de sentido do silêncio constitutivo do racismo em títulos de notícias de jornais e de revistas. Essa discussão atravessa as palavras e, para além de seus aspectos físicos, considera o silêncio em seu processo de significação, tendo como base a história e a ideologia. Ao adentrar as aulas de Língua Portuguesa, essa proposta tende a redirecionar situações de ensino, muitas vezes, centradas em abordagens descritivistas, mecanicistas e normativistas, sustentadas em uma visão da língua que se restringe ao sistema linguístico, para movimentar sentidos e desestabilizá-los. Considerando esse processo, o texto objetiva: (a) apresentar resultados de uma análise que investiga os efeitos de sentido dos silêncios constitutivos do racismo a partir de títulos de notícias que, no dia 8 de abril de 2019, informaram o assassinato de Evaldo Rosa, um músico negro, em Guadalupe, no Rio de Janeiro; (b) propor uma abordagem de ensino de Língua Portuguesa como prática social e antirracista. Para subsidiar teórica e metodologicamente a análise, o estudo se ancora nas investigações sobre as formas do silêncio, no âmbito da Análise de Discurso (ORLANDI, 2011), e nas discussões sobre racismo estrutural (ALMEIDA, 2019), dentro de uma perspectiva decolonial.