Homofobia religiosa e direitos LGBT: Notas de pesquisa

Abstract

Resumo: O artigo reflete sobre as respostas religiosas frente à visibilidade política das reivindicações por direitos de pessoas cujas identidades e práticas sexuais são dissidentes da norma da heterossexualidade. Discute como tais reações inventam, reforçam e instigam representações e práticas homofóbicas que atravessam as esferas pública e privada. Problematiza o modo como se entrelaçam a atuação de certos grupos religiosos e processos de sujeição dessas minorias, inserindo-se em uma linha de reflexão sobre os possíveis nexos entre homofobia, religião e certas convenções sociais e culturais que regulam as condutas no campo da sexualidade, a partir dos resultados de várias pesquisas ao longo da última década. O objetivo é lançar um foco de luz sobre algumas relações existentes entre direitos, diversidade sexual e religiões cristãs, no Brasil atual. Palavras chave: diferença, direitos, homossexualidade, evangélicos Abstract:The article reflects on religious responses to the political visibility of demands for the rights of people whose identities and sexual practices dissent from the heterosexuality norm. It discusses how these reactions invent, reinforce and instigate homophobic practices and representations that cross the public and private spheres. It problematizes the way in which the actions of certain groups and the processes that subjugate these minorities are interlinked, being inserted in a line of reflection about the possible links between homophobia, religion and certain social and cultural conventions that regulate conduct in the sexuality field, based on the results of several studies carried out over the last decade. The objective is to put a spotlight on some of the existing relationships between rights, sexual diversity and Christian religions in contemporary Brazil.

Entrelaçamentos entre religião e diversidade sexual e de gênero: análise do discurso de cristãs/ãos brasileiras/os

“…Desconsiderando, neste momento, todas as características constitutivas e normativas, a cis-heteronormatividade é produtora cultural das diferenças homem-mulher e das diferenças cis-trans, é uma "naturalização, fundada sobre preceitos evolucionistas". (MATTOS; CIDADE, 2016, p. 135) As regulações das diversidades de gêneros e de sexualidades, ancoradas na cisheteronorma, faz com que exista, de acordo com Natividade (2013), uma demonização da diversidade, que no âmbito escolar, por exemplo, seja falado sobre uma 'educação da besta' e uma 'educação de Deus'. Já se percebe, a partir disso, uma possível colaboração moral com fundamentos advindos do ensino cristão religioso.…”

Solidariedade ou tolerância? a recepção de futuros/as professores/as sobre as representações não heteronormativas nas mídias de entretenimento

“…As questões relativas ao gênero e à sexualidade são ainda mais delicadas porque envolvem uma colisão moral, o que implica em questionar, principalmente, princípios de ordem religiosa, os quais costumam ser muito fortes nos indivíduos. Portanto, em algumas pessoas, desperta-se uma preocupação com os seus valores tradicionais, a sua superioridade moral, uma vez que as noções do correto quanto ao gênero e à sexualidade estão naturalizadas através de discursos de ordem biológica e, sobretudo, religiosa (NATIVIDADE, 2013). A maior parte dos/as entrevistados/as concordaram que não é necessário quase nenhum cuidado sobre o que se pode ou não ser mostrado (desde que não seja sexo explícito) nas cenas homoafetivas destinadas a conteúdos midiáticos disponíveis apenas em plataformas de streamings, como a Netflix, por exemplo, sob a justificativa de que os/as espectadores/as "escolhem" aquilo que querem assistir e, portanto, se não gostarem, poderão simplesmente interromper a cena.…”

cães do inferno se alimentam de blasfêmia

“…É importante notar que a minoria das religiões profere um discurso inclusivo para esse grupo social, como por exemplo, as religiões afro-brasileiras e alguns segmentos do protestantismo (NATIVIDADE, 2013), mas o cristianismo enquanto modelo hegemônico assume uma posição punitiva acerca das relações entre identidade de gênero e os seus conceitos religiosos.…”