A construção do conhecimento é obra coletiva, mesmo que a contribuição individual seja pequena. Muitas pessoas me auxiliaram e sou muito grato por isso. Deixo isso registrado para ressaltar a profunda e intensa humanidade necessária para gerar um trabalho científico.Agradeço ao meu Orientador Prof. Dr. Jorge Andrey Wilhelms Gut pelo interesse, zelo pelo rigor, bom humor, inteligência e sobretudo, paciência e compreensão pelo fato de eu ter que me revezar nos papéis de professor e estudante, conforme o calendário escolar. Por fim, aos amigos e familiares que sempre ofereceram compreensão, apoio e torcida pelo sucesso do projeto e a todos que ficaram espantados ao saberem que fazia o doutorado porque era preciso e porque gosto de aprender; enfim, por diversão. Estudar faz bem! O que vem a ser esta vontade absoluta de verdade? Que sabeis vós a priori do caráter da existência para poder decidir que a desconfiança absoluta apresenta mais vantagens do que a absoluta confiança? E se ambas são necessárias, uma grande confiança e uma grande desconfiança, onde irá a ciência procurar essa convicção absoluta, essa fé que lhe serve de base e que diz que a verdade importa mais do que qualquer outra coisa, incluindo qualquer outra convicção? Essa convicção de base não se pode formar se o verdadeiro e o não verdadeiro se afirmaram sempre -e é esse o caso! -úteis tanto um como o outro. Portanto, a fé na ciência, essa fé que existe de fato de uma maneira incontestável, só pode ter sua origem num cálculo utilitário; deve terse formado, pelo contrário, apesar do perigo e da inutilidade da "vontade da verdade", apesar do perigo e da inutilidade da "verdade de qualquer maneira", perigo e inutilidade que a vida demonstra sem cessar."Querer a verdade" não significa, portanto, "não querer deixar-se enganar", mas -e não há outra escolha -"não querer enganar os outros nem a si próprio", o que nos leva para o domínio moral. Perguntemo-nos seriamente, com efeito: "Por que não queremos enganar?", sobretudo se parece -é bem esse o caso! -que a vida seja vivida em vista da aparência, quero dizer que tenha como objetivo extraviar, iludir, dissimular, ofuscar, cegar, e se, por outro lado, de fato, ela se mostrou sempre sob a sua melhor face do lado dos menos escrupulosos trapaceiros. Interpretado timidamente, esse desejo de não enganar pode passar por um quixotismo, uma pequena sem-razão de entusiasta; mas é também possível que seja alguma coisa pior: um princípio destruidor, inimigo da vida. "Querer o verdadeiro" poderia ser, secretamente, querer a morte. De modo que o porquê da ciência se liga a um problema moral: por que, de uma maneira geral, qualquer moral, quando a vida, a natureza, a história são imorais? Mas ter-se-á desde já compreendido onde quero chegar: é numa fé metafísica que assenta ainda a nossa fé na ciência; pesquisadores do conhecimento, ímpios inimigos da metafísica, nós próprios, ainda ateamos fogo na fogueira acesa por milenária crença, pela fé cristã, crença que foi também a de Platão, para quem o verdadeiro se identifica ...