Resumo: Skinner e outros analistas do comportamento defenderam a possibilidade de os princípios da Análise do Comportamento serem usados para a construção de um mundo melhor. Porém, estudos têm sinalizado que esse potencial precisa ser mais bem explorado, sobretudo no contexto dos debates sobre temáticas de caráter social, como, por exemplo, o feminismo. Considerando essa crítica, este artigo tem o objetivo de discutir como a concepção antiessencialista e complexa de ser humano presente no modelo de seleção pelas consequências de B. F. Skinner é consistente com uma das principais teses do movimento feminista, a distinção entre sexo e gênero, que ganhou sistematização e projeção na obra de Simone de Beauvoir. Por meio do esclarecimento das noções de antiessencialismo e de multidimensionalidade do ser humano, são estabelecidos pontos de aproximação entre as proposições de Skinner acerca do comportamento humano e as de Beauvoir a respeito da condição feminina. Conclui-se que a visão de ser humano encorajada pelo modelo de seleção pelas consequências estabelece uma concepção pluralista de mulher, algo que é compatível com a tese de que não há uma essência feminina, e de que o lugar da mulher na sociedade é definido por práticas culturais e não pelo seu sexo biológico. Abstract: Skinner and other behaviour analysts advocate that Behaviour Analysis' principles may be used for constructing a better world. However, recent studies have pointed out the need of further exploitation into this potential, especially in discussions regarding social matters, such as feminism. Considering this critical analysis, this article aims to discuss how the anti-essentialist and complex conception of human being, implied in Skinner's model of selection by consequences, may be consistently associated with one of the major feminist thesis, the distinction between sex and gender, structured and highlighted by Beauvoir's work. By understanding anti-essentialism and human multidimensionality, this article sets matching points between Skinner's propositions on human behaviour and Beauvoir's statements on the feminine condition. We conclude that the notion of human being encouraged by the model of selection by consequences sets a pluralist conception of womankind, being compatible with the thesis that there's no such thing as a feminine essence and that cultural practices define a woman's place in society, not her biological sex.
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