Resumo: Atualmente, a indisciplina é um dos maiores problemas das escolas. Considerada pela comunidade científica como um dos principais obstáculos do processo pedagógico, é responsável pela instabilidade emocional e profissional dos professores e compromete, grosso modo, as aprendizagens dos estudantes. Apresenta-se, por isso, como um dos fatores que mais interfere na relação pedagógica, motivando uma permanente tensão que quase impossibilita a (re)construção de um clima relacional que permita o desenvolvimento eficaz e seguro do processo de ensinoaprendizagem. Partindo destas premissas, e reconhecendo que o(s) professor(es) contribui(em) para o processo de formação e socialização dos alunos e que estes colaboram também na sua contínua formação, foi nossa intenção identificar os comportamentos de indisciplina mais frequentes em sala de aula e compreender como procedem alunos e professores perante os mesmos. Para o efeito, recorremos à aplicação de um inquérito por questionário (alunos) e de entrevistas semiestruturadas (professores). Assim, interrogamo-nos: que regras vigoram na sala de aula e quem as dita e define? Que posições adotam professores e alunos em relação à (in)disciplina? Afinal, quem é o aluno indisciplinado e como é percecionado pelo(s) professor(es)? Os resultados comprovam que a indisciplina é uma realidade socialmente construída, uma mensagem cultural. Perante esta, os professores atuam de formas muito dissemelhantes, recorrendo, normalmente a processos coercivos, que abarcam desde a repreensão ou chamadas de atenção até à expulsão do(s) aluno(s) da sala de aula. A sua principal preocupação não é entendê-la. É eliminá-la! Cientes da complexidade do fenómeno, a nossa intenção não é expor soluções para todas as situações que envolvem este fenómeno escolar e social, mas dar um novo alento a discussões que podem relevar novas possibilidades de (re)pensar a indisciplina.