A pandemia da COVID-19 causada pelo novo coronavírus foi identificada no final de 2019 na China e se disseminou rapidamente, tornando-se uma emergência mundial em saúde pública. Alguns públicos mostraram-se mais vulneráveis ao agravamento da doença, dentre os quais se destacam gestantes e puérperas, devido a alterações metabólicas comuns a esse período. O objetivo foi analisar as repercussões da COVID-19 entre gestantes e puérperas no Brasil, relacionando os desfechos ao perfil sociodemográfico. Considerando o período de estudo entre o início da pandemia até o mês de novembro de 2022, totalizaram 21 605 casos de COVID-19 em gestantes e puérperas. Destas, 5742 (26,58%) apresentaram sintomas mais severos e necessitam de UTI. O uso de suporte ventilatório foi necessário em 44,37% dos casos, com predominância do suporte não invasivo. Observou-se uma concentração do número absoluto de casos e óbitos ocorridos no país no estado de São Paulo, sendo estes de 23,2% e 18% do total, respectivamente. Porém, as taxas individuais de óbito dos estados oscilaram significativamente, sendo a maior em Roraima (43,2%) e a menor em (3,3%). Variáveis sociodemográficas foram identificadas como implicações significativas nos desfechos. Mulheres pretas apresentaram uma taxa de óbitos de 13,6%, comparado a uma incidência de 8,4% entre brancas. O nível de escolaridade demonstrou uma relação inversamente proporcional à taxa de óbito, embora a variação percentual entre os grupos tenha sido pequena. Mulheres com ensino fundamental incompleto tiveram um percentual de 13,5% de óbitos, ao passo que o índice de mortalidade foi de 10,3% entre aquelas com ensino superior completo. Embora a maioria dos casos tenha ocorrido na faixa etária dos 20-34 anos, os óbitos foram mais frequentes entre mulheres com mais de 35 anos, dentre as quais, a taxa de letalidade foi de 12,6%. A COVID-19 apresentou grande impacto sobre gestantes e puérperas nas mais distintas regiões do Brasil, desvelando as profundas desigualdades socioeconômicas existentes. Sobretudo, são necessárias qualificações nas práticas em saúde a fim de minimizar as dificuldades assistenciais. Destaca-se o papel da vigilância epidemiológica como potente ação em prol da promoção, proteção e prevenção da saúde materna, compreendendo melhor as especificidades do público.