“…A explosão da população carcerária ao longo das últimas décadas, processo que Garland (2001) chamou de encarceramento em massa, e Wacquant (2009), numa definição mais precisa, de hiperencarceramento concentrado, fomentou uma série de estudos que lançam luz sobre o imbricamento das prisões com determinadas regiões urbanas, tais como periferias e favelas brasileiras (Barbosa, 2005), guetos estadunidenses (Wacquant, 2007), townships sul-africanas (Waltorp & Jensen, 2019), banlieues parisienses (Bony, 2015) ou bairros portugueses (Cunha, 2002) e camaroneses (Morelle, 2015) específicos -em suma, as áreas habitadas pelas populações mais pobres das cidades. Entre outras potencialidades, esses escritos ressaltam a concentração espacial do encarceramento, a incorporação dos bairros pela prisão -bem como da prisão pelos bairros -e a disseminação da experiência carcerária entre esses territórios e suas populações, delineando um continuum entre prisões-favelas-periferias.…”