Resumo: Este artigo discute a representação do mal na literatura medieval a partir do exemplo do estudante incontinente, em particular, da personagem do célebre malfeitor François Villon. Para isso, procuramos decifrar a enigmática conclusão do seu primeiro poema longo, o Lais, cuja descrição metalinguística da perda de consciência pelo louco amante oferece uma explicação escolástica para a sua perturbação mental. Essa explicação permite a Villon justificar a fuga de Paris por meio da sua incontinência que, como sempre acontece na lírica cortês da época, é amorosa e moral ao mesmo tempo.Palavras-chave: literatura medieval; François Villon; representação do mal.
Abstract:In this paper, we discuss the representation of the evil by medieval literature through the example of the incontinent student, in particular, the character of the famous villain François Villon. For that, we focus on deciphering the enigmatic conclusion of his first long poem, Lais, whose metalinguistic description of the lover's loss of consciousness gives a scholastic explanation for his mental disorder. This explanation allows Villon to justify the escape of Paris through his incontinence, which is both loving and moral at the same time, as always happens in the courtly literature of the time.