Este artigo apresenta alguns comentários acerca das novas Orientações Curriculares para o Ensino Médio de 2006. O principal objetivo foi mostrar e discutir algumas diferenças relevantes entre a versão preliminar e a versão oficial destes documentos, mais especificamente, em relaçãoà noção de competências e do ensino da física moderna. Palavras-chave: orientações curriculares, ensino de física moderna, competências, ensino de física.This article presents some comments about the new 2006 Curricular Orientations for High School Teaching. The main objective is to show and discuss some relevant differences between the preliminary and the official version of those documents, more specifically, about the notions of competences and modern physics teaching. Keywords: curricular orientations, physics modern teaching, competences, physics education.
IntroduçãoEm 2006 o Ministério da Educação publicou e distribuiu as novas Orientações Curriculares para o Ensino Médio [1]. Esse documento foi elaborado a partir das discussões realizadas em seis seminários ocorridos em 2004, com a participação de professores do nível médio e de técnicos das secretarias estaduais de ensino, nos quais foram discutidos, entre outros temas, textos analíticos das orientações anteriores, em especial as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNEM) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN e PCN+), além de novas alternativas didáticas.Entretanto, para o caso da disciplina de física, os consultores que participaram do processo de elaboração e discussão das orientações preliminares e dos seminários se retiraram na fase final. Assim, a versão oficial foi consolidada pela equipe técnica do Departamento de Políticas de Ensino Médio/SEB/MEC, a qual apresentou algumas diferenças, divergências e a supressão de aspectos relevantes em relaçãoà versão originalmente elaborada. 2 Desse modo, propomo-nos a resgatar aqui parte das discussões que foram suprimidas, em especial a que se refereà inserção da física moderna no nível médio e as que tratam o ensino por competências como um problema de referência dos saberes escolares e de colocar a relação didática em perspectiva. Entendemos que tais esclarecimentos podem facilitar a compreensão e implementação das orientações sugeridas naquele documento e alimentar a permanente reflexão das práticas educacionais.
Um ensino por competênciasNa versão originalmente elaborada para os seminários, a noção de competências havia sido considerada e discutida sob dois aspectos: a) como um problema de referência dos saberes escolares e b) pensar a relação didática em perspectiva. Para isso,é preciso entender que uma relação didática comporta um conjunto de variáveis que vai além da relação entre professor-alunos ou entre alunos-conteúdo. O Esquema 1 pode ajudar a esclarecer. 3 A representa o aluno, P o professor, S o saber a ser ensinado, que não coincide necessariamente com aquele queé trabalhado na sala de aula, e Sa as situações de aprendizagem, que se encontram no coração