A presente pesquisa descreve, a partir de uma investigação etnográfica, a relação estabelecida entre o comércio ambulante e o mercado ilegal de agiotagem e seus impactos em virtude do processo de formalização dessa primeira atividade econômica. Percebe-se, por meio da observação participante, que os laços construídos entre camelôs e agiotas se mantém à revelia dos estatutos jurídicos desses interlocutores, o qual a lógica que move essa relação se dá por meio da pessoalidade desses sujeitos e da postura dos ambulantes em assimilar o dinheiro emprestado pela agiotagem como um recurso específico para “girar a mercadoria”. Essas caracterizações feitas pelos interlocutores geram garantias específicas na dinâmica desse mercado, na qual a relação entre legal e ilegal se retroalimenta. Conclui-se portanto, o processo de formalização, ao contrário das expectativas governamentais, gera uma maior demanda pelo mercado ilegal de agiotagem.