IntroduçãoA Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que anualmente 20 milhões de mulheres apresentam complicações agudas da gestação, com a ocorrência de 529 mil óbitos 1 . A ocorrência da morte materna extrapola a tragédia individual, constituindo um aspecto de avaliação do desenvolvimento humano 2 . Em países da África Sub-saariana, a morte materna é um evento freqüente, capaz de produzir uma razão de morte materna tão elevada quanto 1.500 óbitos por 100 mil nascidos vivos, enquanto que nos países desenvolvidos as razões de morte materna são baixas, de 10 ou menos óbi-tos por 100 mil nascidos vivos 1 . No Brasil, o óbito materno é um problema subdimensionado, tendo sido estimado em 2002, cerca de 73 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos 3 .A dispersão desses óbitos pelo território do país faz com que eles sejam eventos institucionalmente muito raros, o que impede o reconhecimento da mortalidade materna como problema de saúde pública e dificulta o estudo dos determinantes da mortalidade materna. No Brasil, em 2001, nasceram cerca de 3.106.525 nascidos vivos em aproximadamente 5.390 hospitais, com cerca de 1.600 de óbitos maternos notificados 3 . Esses números indicam que, se a distribuição fosse homogênea, ocorreria cerca de 0,3 óbito materno por hospital que atende partos por ano no Brasil. De qualquer forma,