Este artigo fala sobre a tradução dialetal do inglês hibérnico no romance Castle Rackrent (1800), de Maria Edgeworth (1768-1849). Nesta obra da escritora anglo-irlandesa, o dialeto se manifesta no monólogo narrativo de Thady Quirk, o velho criado da família Rackrent e representante da classe rural irlandesa. O inglês hibérnico também está no glossário ao final do livro, realizado por um “Editor” fictício. Seu propósito é tornar o romance mais acessível para o público inglês e registrar o retrato quase feudal da Irlanda de proprietários ingleses e de arrendatários irlandeses que pagavam tributos para utilizar as terras. Dado o panorama da pesquisa, o artigo foca em uma entrada particular do glossário, denominada “Whillaluh”, cuja microanálise demonstra uma impossibilidade geral de traduzir o glossário com “marcadores culturais” (AUBERT, 2006: 24-25), embora se trate de um glossário literário. Diferentemente de uma tradução literária, o glossário é um gênero de texto mais factual, cujos limites são mais rígidos e aqui inviabilizam a liberdade criativa do tradutor. Este foi um grande desafio durante o processo tradutório, apesar de soluções muito interessantes terem surgido, a exemplo de utilizar marcadores culturais portugueses para traduzir os termos irlandeses, marcadores esses que despertam um aspecto dormente na língua (AMARAL, 2013: 132) ou seja, uma abordagem estrangeirizadora da própria língua-alvo.