A correspondência pessoal simboliza um testemunho do olhar e da memória dos sujeitos sobre determinados acontecimentos de uma época e representa ainda uma fonte significativa para estudos históricos e linguísticos de épocas passadas. Assim, cartas de imigrantes e de seus descendentes são uma fonte valiosa para as pesquisas que envolvem os contatos linguísticos e as variações e mudanças linguísticas decorrentes deles, como aquelas que se dão através de fenômenos tradutórios resultantes do contato entre o alemão e o português falado no Brasil. Neste trabalho, através da análise de uma carta escrita em português por um descendente de imigrantes alemães e com base em pressupostos teóricos da sociolinguística e dos estudos da tradução, pretende-se ilustrar brevemente a trajetória histórica e linguística desses sujeitos, mostrando a influência que as línguas em contato têm umas sobre as outras e garantindo visibilidade ao plurilinguismo ‒ que, embora ainda largamente ignorado, é característica basilar do povo brasileiro.