Resumo: O artigo seguinte reflete sobre as potenciais vantagens da incorporação e integração das perspectivas e abordagens da história global e micro-história para a pesquisa em imigração alemã no Brasil, particularmente durante o século XIX. Percebe-se que uma parte importante dos estudos em imigração alemã no Brasil não têm levado em devida consideração a dimensão europeia e global do fenômeno, aspectos centrais para se entender o processo de renegociação sociocultural ocorrido em território brasileiro. Através de um exame sucinto da sociedade e política da Prússia, percebe-se que esta comunidade estatal não pode ser absolutizada em termos nacionais -tampouco em termos puramente alemães. Pelo contrário, a Prússia apresenta uma história de grande mobilidade, particularismos regionais e diversidade cultural que atravessou e conectou o Atlântico no tempo das migrações; esse entendimento sugere outras categorias de definição dos atores migrantes. O uso predominante de literatura especializada -tanto aplicada quanto conceitual -e fontes documentais objetiva fundamentar o argumento de que as pesquisas em imigração alemã no Brasil se beneficiariam com uma agenda histórica integrada ao exame de processos sociais transnacionais, europeus e prussianos. Percebe-se, ademais, que os súditos prussianos atuavam e eram predominantemente regidos dentro de contextos institucionais e identitários locais/regionais. Isto possibilita uma pesquisa histórica que enfatiza sobretudo o micro, as estratégias e as redes de relacionamento dos atores. Mas, sobretudo, põe tal dimensão em perspectiva de um mundo já globalizado, móvel e fundamentalmente diverso.Palavras-chave: imigração alemã ao Brasil, Prússia, Alemanha, história global, micro-história. Abstract:The following paper considers the potential advantages of the incorporation and integration of global history's and microhistory's approaches and perspectives in the studies on German immigration to Brazil, particularly during the 19 th century. A major part studies on German immigration to Brazil have generally not considered the global and European dimensions of the phenomena, which are central aspects for the comprehension of sociocultural renegotiation processes occurred in Brazil. Through a brief discussion of Prussian society and politics, it is possible to realize that this state community cannot be absolutized and other categories must be put in place to define the migrant actors. Quite to the contrary, Prussia experienced a history of frequent mobility, regional particularism and cultural diversity that crossed and connected the Atlantic in the age of migrations. The prevalent utilization of expert literature -both applied and conceptual -and some Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Resumo: O assentamento de populações de origens germânicas no sul do Brasil é largamente dependente da colonização das orestas meridionais do bioma Mata Atlântica. Embora este seja um fato fundamental da história das colonizações do território brasileiro, poucas foram as análises dirigidas no sentido de se historiar a memória do espaço orestal em questão. Logo, este texto objetiva através de documentos como diários de imigrantes/descendentes, relatos de viajantes, literatura e outros, vislumbrar a oresta teuto-brasileira em torno da memória de Urwald, ou seja, enquanto uma construção socioambiental dos teuto-brasileiros desde o século XIX. Entre os teuto-brasileiros se veri ca, frequentemente, a existência de uma memória orestal largamente conectada às ideias dos riscos, sacrifícios, superações e vitórias sobre o ambiente da mata; igualmente tal memória tangencia as experiências orestais dos atores migrantes ainda na dimensão da oresta centro-europeia. Este artigo explorará tais questões, no sentido de se erigir uma discussão acerca da memória do Urwald por meio de um exemplo concreto, solidi cado em torno da Picada Essig, município de Travesseiro/RS, Brasil. Palavras-chave:Urwald; Colonização Alemã; Memória; Mata Atlântica. Memories of the Urwald in Southern Brazil: negotiations and risks of German-Brazilian forest colonizationAbstract: e settlement of German-rooted populations in Southern Brazil was largely dependent on the forest colonization of southern Mata Atlântica biome. Although this fact is a cornerstone to the history of colonization of the Brazilian territory, just a few analyzes were carried out in order to historicize the social memories attached to the forested space. erefore, this text seeks through di erent sources and documents like immigrants/descendants' diaries, literature, travelers' reports, and others, to glimpse the German-Brazilian forest around the memory of the Urwald, that is, while a socioenvironmental construction made by German-Brazilian communities since the nineteenth century. Among the German-Brazilians we o en observe the existence of a forest memory largely connected to the idea of risks, sacri ces, surmounting and victory over the forested environment; At the same time, such a memory is closely related to the migrants' forest experiences linked to the dimension of the central European forests. is paper wants to explore such questions aiming at erecting the discussion about the memory of the Urwald through a concrete example, the Picada Essig community, located in Travesseiro, state of Rio Grande do Sul, southern Brazil.
Diferentemente dos aspectos mais propriamente culturais que subjazem a colonização rural teuto-brasileira dos séculos XIX e XX, os temas agrários e florestais permanecem estritamente localizados nas realidades ambientais e sociais do Brasil meridional. Vige como um discurso duradouro a impressão de que as práticas e conhecimentos agrícolas e silvestres dos colonizadores florestais teuto-brasileiros tivessem como origem as imposições da dimensão americana do processo migratório; logo, a ideia de ruptura dos sistemas agrários e de uso florestal se impôs sem maiores contestações. Neste artigo, objetivamos repensar estas suposições através do recurso ao conceito de transferências, embebido em uma roupagem de história ambiental e sob uma perspectiva particular da história do conhecimento, os conhecimentos de migrantes. Observa-se, assim, que o nascimento da agricultura florestal e ígnea teuto-brasileira também esteve associado aos saberes e práticas do mundo camponês alemão. Três vetores de transferência são com mais detalhes analisados: em primeiro lugar, o exercício de uma agricultura extensiva, carente de insumos de pecuária; segundamente, o recurso ao fogo como instrumento de conversão florestal e fertilização; e, por fim, a adoção de cultivares nativos pelas populações rurais teuto-brasileiras. Esses fluxos específicos permitem afirmar a mobilidade e conexão de conhecimentos e práticas silvestres e agrícolas entre Brasil e Alemanha. Assim, antes de ser um evento especificamente americano, a agricultura teuto-brasileira se revestiu de intensos hibridismos, marcados por fenômenos de transferência.
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