Considerando a íntima relação entre a minha inquietude quanto ao objeto do presente estudo e os motivos que corroboraram para que me tornasse enfermeira, com ênfase no campo da saúde mental, faz-se necessário o relato de uma pequena parte da minha vida e de como cheguei até aqui. A construção dos múltiplos papéis que desempenhei desde a infância perpassam pelas pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida, as relações que estabeleci ao longo desses anos e as oportunidades que me circundaram.Mesmo com a presença contínua do meu pai, fui criada, prioritariamente, pela minha mãe, junto aos meus dois irmãos mais velhos, e apesar de ser a caçula, nesse núcleo familiar (cuidada pelos irmãos também), sempre me senti incentivada a desenvolver minha autonomia. Durante a minha infância, alguns fatores contribuíram para o desenvolvimento de características pessoais que fazem parte do meu modo de pensar e agir, dentre eles: a prática do tênis de mesa, por longos sete anos. Nesse esporte aprendi a ser responsável, e talvez, um pouco exigente com meu desempenho, visto que na época, conciliava os estudos com o esporte e afazeres cotidianos. Neste último, considero o cuidado com nossos cachorros, que aumentavam a cada ano, pois sempre surgia algum em nosso caminholembro que por um longo período, tínhamos por volta de dezoutro fator que culminou na minha responsabilização pelo cuidado ao ser vivo.Além disso, sob influência e orientação dos nossos pais, cuidávamos, também, cotidianamente das plantas do nosso jardim. O que por um lado demandava um grande trabalho, por outro, era prazeroso esses momentos, pois dividíamos estes afazeres e fazíamos em família. Tínhamos nossos conflitos, mas sempre nos preocupávamos em cuidar um do outro e essas interações aconteciam naturalmente como parte da nossa rotina.Mais tarde, no momento da escolha da graduação, eu não havia me decidido sobre o que eu gostaria de "ser quando crescer", hoje vejo o quanto essa escolha é complexa para a idade e maturidade que eu tinha naquele período. Parte do apreço que tive pela Enfermagem se deu por meio dos relatos da minha tia Lu, enfermeira, sobre seu trabalho e admiração por sua inteligência, postura e autonomia em suas decisões. Prestei Enfermagem tanto por essa impressão quanto pelo fato de existir uma faculdade estadual de excelência, com metodologia ativa de aprendizagem, na cidade onde morávamos. Durante a graduação me empenhei e, novamente, conciliando várias atividades ao mesmo tempo.Coincidentemente, comecei a ter contato com pessoas da minha família que estavam adoecendo (meus dois avôs e tio avô), momento em que tive a oportunidade de auxiliar neste cuidado retribuindo um pouco de todo carinho que me dispensaram a vida toda. Foi nesse contexto que percebi que nosso vínculo se fortaleceu, os conheci sob outro ponto de vista, em momentos vulneráveis e me esforcei para fazê-los se sentirem respeitados e terem o mínimo de autonomia preservada diante das limitações que apresentavam.Meus pais, como sempre, orgulhosos da filha, incentivando meus estud...